LENÇÓIS MARANHENSES: INESQUECÍVEL

Não sei você, mas para mim os lençóis maranhenses eram um daqueles lugares-sonho, que fazia meu coração palpitar toda vez que via uma foto, mas que ao mesmo tempo me desencorajava um pouco.

Apesar de incrível, o lugar tem uma logística complicada e um custo alto, e é mais um daqueles que, por essas e outras razões, atrai mais gringos do que brasileiros.

Mas viagem é viagem, né? Uma vez que você toma coragem e compra a passagem, parece que o resto vai tomando forma e quando a gente vê, já está acontecendo.

E comigo foi bem assim que tudo aconteceu. Numa dessas madrugadas de promoções malucas de companhias aéreas, consegui um voo GRU-SLZ em pleno feriado nacional por R$260. Não é o tipo de oportunidade que se pode deixar passar né?

Pois bem, lá vou eu então começar todo o planejamento e foi aí que as coisas começaram a pegar.Apesar de ser um lugar extremamente turístico, as informações por aí ou não eram completas ou simplesmente não batiam.

Aqui vai um resumão do que acho essencial e um pouquinho da experiência num roteiro de três dias no Maranhão.

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Época da visita

Lençóis, como praticamente todo o nordeste é dividido em seca e chuva. É praticamente metade do ano para cada. Eles chamam de “inverno” a época de chuvas, que vai de março a setembro e o resto do ano é a seca.

Tá, mas qual a relevância do clima se já sabemos que verão ou inverno, vai fazer calor?

Se você sonha com as sonhadas lagoas da foto, a época chuvosa é o momento. O pico é em julho, quando além das lagoas estarem cheias, são as férias escolares.

Como chegar 

A partir de São Luís, a viagem até Barreirinhas dura cerca de 3h30min e pode ser feita de avião, carro, van ou ônibus.

Avião: Mais caro e mais confortável, algumas empresas fazem o trecho em voo particular até o Aeroporto Municipal de Barreirinhas. O trecho dura aproximadamente 45 minutos e custa R$300.

Carro: Se você estiver viajando acompanhado e está disposto a revezar a direção e ter autonomia e flexibilidade de horários, é a melhor opção. A diária para carro popular sai por menos de R$100.

Importante: A rodovia é, em geral, boa e não requer grandes habilidades no volante, mas você passará por várias cidadezinhas que são cheias de buracos e têm trechos não asfaltados. É bom averiguar exatamente onde é o seu destino final, alguns hotéis ficam em áreas não asfaltadas e talvez seja necessário um carro 4×4 para chegar em segurança.

Van: Quer comodidade, e pode  pagar um pouco mais que o ônibus e menos que o avião? Com horários pré-agendados, algumas empresas fazem esse trecho de van, buscam no hotel em São Luís ou no aeroporto de SLZ.

Ônibus: Opção mais econômica, é a mais indicada também se você estiver viajando sozinho. A empresa de ônibus responsável pelo trajeto é a Cisne Branco e os horários são São Luís/Barreirinhas: 06h, 8h45, 14h e às 19h30  e a volta Barreirinhas/São Luís – 06h, 9h, 14h e às 18h30.

Onde ficar

A primeira coisa a fazer é decidir qual será seu hub. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é cercado de pequenos povoados e existem algumas opções hoteleira nos arredores que atendem quase todo tipo de viajante. A maioria das pessoas se hospedam em Atins ou Barreirinhas, mas existem outras opções mais afastadas, como por exemplo, Caburé.

Atins: Com opções de hospedagem mais confortável, internet melhor (ouvi falar, rs) e próximo à praia, Atins é um vilarejo que fica na foz do Rio Preguiças e um pouco mais distante de São Luís. De carro a partir de Barreirinhas o trajeto pode demorar até 2h.

Barreirinhas: Maior cidade da região, com mais infra-estrutura e mais procurada por turistas, Barreirinhas foi a minha escolhida nestes dias no Maranhão.

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Porto Preguiças Resort 

Em Barreirinhas, fiquei no Porto Preguiça, melhor hospedagem na região (e também a mais cara).  O hotel não fica a uns 10 minutos do centro da cidade (precisa atravessar uma área não asfaltada que fica um caos quando chove), à beira do Rio Preguiças e tem o essencial, mas de uma forma bem confortável (para os padrões dos arredores): piscina, bar, restaurante, atividades no rio (kayak), salão de jogos, quadras e serviço de massagem.

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Os quartos são “casinhas”, que comportam a partir de três pessoas. Todos têm ar condicionado, ventilador, tv a cabo, varal de roupas, cofre e secador de cabelo.

casa

O wi-fi, apesar de gratuito, é péssimo. Não funcionam no quarto de jeito nenhum, e pode ser que você tenha a sorte de ter internet em algum momento nas áreas comuns do hotel.

Outra coisa que achei engraçada é que eles tem vários animais que ficam soltos , como galinhas, galos e um ganso. Às quatro da manhã já se escutam os galos que, ainda bem, passam a noite bem longe dos quartos.

Ah, e o estacionamento é gratuito.

Outras opções

Há ainda opção de ficar em destinos menos populares, como Caburé. Neste caso, para chegar no destino pode ser necessário incluir um trecho por barco.

Dica: Existe também a possibilidade de economizar na estadia e fazer um bate-volta de São Luís e eu super não recomendo. Porque além da distância (250km – aproximadamente 3h30), fiquei 3 dias em Barreirinhas e achei super pouco, visto o leque de opções maravilhosas, coisas para fazer não falta e quero voltar para, pelo menos, uma semana.

O que levar

A mala pode ajudar  ou causar muitos problemas numa viagem né?

Diferentemente de quando viajamos para uma cidade grande, algumas aventuras pedem algumas estratégias antes de fechar a mala, e aqui vão as minhas dicas do que levar para os lençóis:

  • Independentemente do tempo que você for passar, tente ser o mais compacto possível. Em tempos de precisar pagar para despachar a mala, se for possível viajar com a malinha de mão, melhor ainda. Existem vários modelos de mochilas também que, você vai comprar uma vez na vida e vai te ajudar muito em várias viagens. A Ana do divirta-se organizando tem um vídeo ótimo em que ela mostra os itens essenciais para um mochilão no nordeste.  Viaje leve sempre!

Spotify: Tá arrumando as malas e quer um empurrãozinho pra se animar? Clica aqui e escuta a nossa playlist exclusiva!

  • Não sabe viver sem maquiagem? Se não estiver com o babyliss em dia nem cogita sair de casa? Uh, vamos rever isso aí! Você passará dias em meio a muito calor e uma umidade sem fim, melhor se limitar ao essencial. O que não pode faltar de verdade nessa necessaire? Protetor solar, hidratante/pós sol, repelente, desodorante, grampos/elásticos/bandana para o cabelo, um bom pente, pasta/escova de dente, shampoo e mascara de cabelo – vale a pena usar máscara no lugar do condicionador para dar uma segurada no frizz.
  • Salto para baladinha, tênis para trekking? Esqueça tudo isso! O único calçado que você vai usar de verdade, será chinelo. Sim, para passeios de barco, para caminhada nos lençóis, para ir à praia, para pegar um forrozinho à noite e para sair para comer. Se você, assim como eu, é da turma dos friorentos, melhor levar um calçado fechado para usar no avião também. Se for muito exagerado/a, leve dois pares de havaianas.
  • Quer postar o look do dia no Instagram? Não superou ainda ter que sair para jantar de chinelo? Aqui vão as minhas sugestões para a mala: biquini (vai usar o tempo todo, leve 2 só para garantir que terá um disponível sempre que o outro estiver secando), short dry-fit, blusinhas (o mais leve possível), canga, short jeans, um vestidinho (caso queira dar uma volta) e um pijama.
  • É a doida dos acessórios?  Já poe na lista um bom chapéu e óculos de sol – vão salvar a sua vida no meio do calorão. Ah, e uma mochila (de preferência das que não molham) para carregar água e snacks nos passeios.

biquini

O que fazer

Nem só de lençóis vive a região! Infelizmente só fiquei 3 dias e vou contar um pouquinho do meu roteiro, todo executado pela Tropical Adventure.

Dia 1 –  São Luís e a chegada em Barreirinhas

Passei a metade do dia em São Luís e dormi no Centro histórico, que é uma lindeza. O hotel, Grand São Luís fica bem ao lado da sede do governo.

Segui para Barreirinhas com um carro alugado numa viagem que durou um pouco mais doe quatro horas (com parada).

mapa maranhao

Chegando em Barreirinhas, tirei o resto do dia para descansar na piscina do hotel e comer MUITO.

Dia 2 – Circuito Lagoa Azul – Lençóis Maranhenses

No segundo dia, fiz o roteiro mais clássico em Barreirinhas que é ir visitar o Parque Nacional. Por ser gigante, as empresas de turismo dividem o Parque em circuitos e cobram por cada um desses.

Visitei a lagoa azul porque me pareceu o mais bonito, e como não tinha muito tempo, precisei escolher só um roteiro.

O caminho até lá não é dos mais agradáveis. Uma Toyota atravessa o Rio Preguiças de balsa e percorre um caminho de uns 10km numa estrada péssima…Cruza pequenos lagos, lama e muito buraco no caminho. E por estarmos em época de chuva, fiz todo o caminho embaixo de uma tempestade. Achei divertido, rs.

balsa
Balsa Rio Preguiças

Chegando lá completamente encharcada e morrendo de frio, pulei na primeira lagoa, a dos Toyoteiros – que tem esse nome por ficar próxima ao estacionamento das Toyotas. Nunca vi água tão quentinha e cristalina, que delícia.

De lá, o guia segue com o grupo para mais quatro lagoas, que apesar de lindas, não superam a beleza da primeira.

dunas

lagoa azul

Durante todo o tempo que estive no Parque, a chuva deu uma trégua, e no fim, foi ótimo ter chovido, porque como não existe nenhuma sombra, imagino que deve ser bem desconfortável fazer essa caminhada no sol.

por do sol rio
Pôr do sol no rio Preguiças

Por volta das 17h, o grupo volta para o hotel com uma parada estratégica na próxima à balsa, onde locais vendem cafezinho e tapioca. Há também um bar para comprar bebidas.

tapiocas
Tapiocas fresquinhas

Dia 3 – Rio Preguiças, Vassouras, Mandacaru e Caburé

vassouras 1

Esse é um daqueles passeios que ninguém leva à sério e posso que gostei tanto (ou até mais) do que a própria visita ao Parque Nacional.

Saímos às 8h da manhã do hotel em uma Toyota até o Porto da cidade no Rio Preguiças, próximo ao centro de Barreirinhas. De lá, uma lancha levou o grupo de doze pessoas para percorrer cerca de 40km pelo Rio, com paradas em Vassouras, Mandacaru e Caburé.

Vassouras, a primeira parada, também é chamada de pequenos Lençóis. Além das dunas e lagoas, tem barraquinhas para comprar comida, redes para descansar e muitos macacos para ver e alimentar (eles vendem bananas em rodelas).

macacos

vassouras
Dunas e sol em Vassouras

A próxima parada, Mandacaru é um pequeno vilarejo conhecido pelo Farol que proporciona uma vista 360° tanto do vilarejo, quanto do rio e do mar.

farol

vista farol
Vista do farol

Assim que chegar, ignore as lojinhas e a muitas sorveterias e corra para o Farol que costuma ter uma fila bem grande. Por não ter nenhuma sombra e essa parada acontecer por volta das 11h, é bem desagradável ficar esperando embaixo do sol.

Na saída, experimentei um dos milhares de sorvetes caseiros que os locais produzem com frutas regionais. Pedi coco com graviola.

E por fim, a última parada é Caburé. Neste local, o Rio encontra o mar, então dá tanto para ficar pelo rio ou ir para a praia.

Existem alguns poucos restaurantes, e por lá paramos para comer e aproveitamos a praia por mais ou menos 3h.

cabure
Praia de Caburé

Há também um aluguel de quadriciclo e por R$50 (30min), você percorre a praia até o encontro com o mar – são 6km.

Dica: Agendei todos os passeios quando cheguei no hotel, já que há um quiosque da Adventure no próprio Resort, mas caso você não esteja no Porto Preguiças sugiro que as reservas sejam feitas antes da chegada no Maranhão.

Não fiz mas queria ter feito

Flutuação de Cardosa pelo Rio Formigas: O passeio dura meio período – normalmente acontece pela manhã, sendo uma hora  de flutuação e o resto em deslocamento e almoço  – e me pareceu bem divertido. Você desce o rio de boia acompanhado por um guia. O nível é fácil e recomendado para todas as idades. O Rio Formigas é conhecido pela transparência e fica no povoado de Cardosa.

Sobrevoo nos Lençóis: Cheguei a reservar esse passeio mas cancelei de última hora devido ao mau tempo. Quem faz é a AVA e custa R$300 por pessoa.

Dica: Vi muita gente com drone nos Lençóis e confesso que morri de inveja. A vista área deve ser linda. Se tiver, não esqueça de levar seu drone! É a melhor opção para ter uma vista privilegiada, evitar o incômodo que é andar de avião e ainda economizar!

Circuito Lagoa Bonita: Com uma subida íngreme de aproximadamente 30m, esse circuito tem menos lagoas e mais dunas do que o da Lagoa Azul.

Lagoa da Esperança: Diferentemente das outras lagoas, essa é perene – nunca seca! É uma ótima opção caso você esteja viajando no período de seca – entre setembro e abril.

Custo Geral: $$ (barato)

Published by

Thaís Schultz

Paulista morando na Florida (EUA). Inquieta, curiosa e fã de uma boa história. Por aqui, compartilho as minhas andanças pelo mundo. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀