INVERNO EM CURITIBA

Comecei meu mês de Julho em Curitiba, onde fiquei por uma semana, e como já conhecia a cidade, aproveitei também um fim de semana para visitar Morretes e Antonina (clique aqui para ler mais).

Desta vez, além de trabalhar, aproveitei para conhecer alguns cantinhos que não tinha ido ainda, mas ao mesmo tempo, levei meu namorado para dar uma volta no roteiro básico da cidade.  Ou seja, esse post vale tanto para quem já conhece a cidade quanto para quem está indo pela primeira vez!

Sobre a cidade

Curitiba é a capital do Paraná e com quase dois milhões de habitantes, ocupa o posto de oitava capital no país. É famosa pela baixa taxa de analfabetismo, a melhor educação pública do país, um sistema de transporte eficiente com o maior biarticulado do mundo e muitos parques, o que a torna também uma cidade extremamente arborizada. Também é conhecida como a capital mal-humorada, devido a fama dos seus moradores – eu particularmente, nunca tive nenhuma experiência desagradável com nenhum local, muito pelo contrário.

O que fazer

Jardim Botânico: Definitivamente o cartão-postal da cidade, se você está indo pela primeira vez, não pode deixar de conhecer. Os jardins são lindos e a estufa, uma obra à parte. Em um dia bonito, é garantia de boas fotos.

jardim botanico head

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Ópera de Arame: Um teatro lindo,  todo construído em metal (de onde vem o nome), sobre um lago e com uma vegetação de cair o queixo. Também faz parte do to do obrigatório do turista em Curitiba. No subsolo funciona um café e do outro lado da rua, várias lojinhas vendem artesanatos, souvenir e os famosos chips de banana, que eu amo. Logo ao lado,  tem outro lugar lindo mas que normalmente é fechado ao público, a Pedreira Paulo Leminski, uma pedreira desativada e que vira e mexe é palco de grandes shows – Pearl Jam, por exemplo, já se apresentou ali.

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Museu do Olho: O Museu Oscar Niemeyer ou Museu do Olho (como ficou conhecido por causa do seu formato), foi inaugurado em 2002 e tem sempre uma programação bacana. Se estiver por lá, aproveite a lojinha e o restaurante e não esqueça a máquina fotográfica – como tudo que Niemeyer fez, é de ficar boquiaberto.

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Parque Tanguá: O que não falta é parque em Curitiba! A cidade é conhecida pelos milhares de Bosques, Parques e Praças espalhados por toda a cidade, mas acabei escolhendo o Tanguá por ser um dos poucos que não conhecia. Como estive por lá numa quarta-feira, a calma e a tranquilidade que passa estar ali tomando um cafezinho e olhando o horizonte, é impagável. Ele fica bem afastado e talvez valha a pena combinar com uma ida à Opera do Arame.

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Mercado Municipal: Amo visitar os Mercados dos lugares que viajo, principalmente os Municipais. Acho que é um ótimo jeito de conhecer um pouco mais sobre a cultura do lugar através da gastronomia e mais importante: dos produtores locais. Essa foi a minha primeira vez no Mercado Municipal de Curitiba e o que mais me chamou a atenção foi a organização – O Mercado é super limpo, com todas as bancas super bem organizadas, zero barulho, nenhum cheiro estranho e vários restaurantes bacanudos. Infelizmente tinha acabado de almoçar, mas a minha sugestão é que você escolha um dos diversos restaurantes que tem por lá e faça a refeição antes de começar a visita.

Sabe todos os produtos de banana que comentei no post de Morretes e Antonina? Praticamente todos eles podem ser encontrados aqui! Ótima oportunidade de conhecer produtos típicos litorâneos sem precisar deixar a capital.

Centro: É no Centro que várias atrações culturais estão concentradas, como a Biblioteca Pública, a Feira do Largo da Ordem (que acontece aos domingos), a Catedral, o prédio da UFPR e o Museu de Arte Contemporânea. Na minha manhã livre, aproveitei para visitar o prédio do Sesc, a rua das Flores – uma rua reservada para pedestres que recebeu esse nome por causa dos canteiros floridos do século passado, alguns permanecendo até hoje.

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Se você quer aproveitar o melhor de Curitiba sem carro, a Linha Turismo é um ônibus de dois andares, que passa pelos principais pontos turísticos da cidade. O roteiro de 45km dura cerca de três horas e você pode pegar o ônibus em qualquer ponto. Atenção: Não opera às segundas-feiras. Para mais informações, clique aqui.

Onde comer

Curitiba é um paraíso gastronômico! Com diversas colônias europeias instaladas por ali, se encontra quase todo tipo de gastronomia.

Café do Paço: Ótimo para começar o dia, esse café que também funciona como escola, tem diversos blends de café e muitas opções de comidinha delícia. Fica no lindo prédio do SESC Paço da Liberdade, no Centro, que até 1966 abrigou o gabinete dos prefeitos da Cidade.

Mary Ann Apple Factory: Há um burburinho em Curitiba em torno das famosas maças caramelizadas já conhecidas nos EUA. Tomei conhecimento deste lugar por uma amiga e por coincidência conheci os donos numa festa que fui na cidade. Infelizmente não consegui visitar o espaço e provar as famosas maças, mas só ouvi elogios!

Madero: Acho que tem mais Madero em Curitiba que Mc Donalds, rs. Sério, tem muitos! Meu namorado é super fã da hamburgueria e sempre vai aqui em São Paulo e eu nunca tinha ido. Numa noite fria de domingo, rumamos ao Centro para conhecer a primeira casa e experimentar O MELHOR HAMBÚRGUER DO MUNDO. Como sou vegetariana, é muito difícil um hambúrguer me agradar, e sinceramente, não gostei muito do que comi no Madero, De qualquer forma, se você come carne, recomendo a experiência. Adorei o couvert, a pupunha assada de entrada e as batatinhas.

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O hambúrguer vegetariano do Madero

Osteria Capitolina: Amigos locais nos levaram até esse restaurante, que julgam ser um dos mais italianos de Curitiba e que não está em Santa Felicidade – um bairro italiano dentro da cidade. O local é super família, e o dono, um romano, trabalha em conjunto com a sua mulher, uma brasileira, e recebem pessoalmente cada cliente. A comida é uma delícia e o menu super bem servido. Minha sugestão: vá com MUITA fome, porque se come MUITO por aqui (MUITO MESMO). Super recomendo a burrata e o Nhoque ao pesto. E na saída, uma grapa e aquele cafezinho esperto!

Porcini Trattoria: Mais um italiano, desta vez na região do Batel, onde me hospedei. Diferentemente da Osteria, o local é bem mais requintado, porém segue-se comendo bem. A carta de vinhos é generosa e o Nhoque que provei aqui estava delicioso (apesar de um pouco apimentado para o meu gosto). Já a lasanha do meu namorado, acho que ficou a desejar, apesar de linda estava super gordurosa.

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Porcini: Um dos muitos gnochis que comi em Curitiba

GreenGo: Refeição vegetariana de bastante qualidade e super bem servida no Batel. Experimentei o falafel com salada e arroz negro e estava uma delícia, e com um preço super acessível. Outra recomendação que tive de amigos locais foi o Gorilla Strong, que acabou de abrir na mesma região, mas que infelizmente não consegui ir.

Quintana Café e Restaurante: Esse café no Batel também serve almoço das 11h às 14h e tem como tema o escritor gaúcho Mario Quitana. No local, além super bem decorado, o restaurante divide espaço com livros e  uma lojinha. O almoço tem várias opções saudáveis e serve muito bem pessoas com restrições alimentares.

Passion du Chocolat: Localizada dentro do Shopping Patio Batel, é conhecida pelos famosos macarrons. Como amo o docinho francês, fui lá experimentar e de fato, vale a pena (apesar dos salgados R$7 por unidade).

Hard Rock Cafe: Famoso no mundo inteiro, a unidade de Curitiba é a única no Brasil – talvez por Curitiba também ser conhecida como a Capital do Rock. Pessoalmente, não acho a comida “grandes coisas”, mas o ambiente é legal para encontrar os amigos para uns drinks e quem sabe comprar uma lembrancinha na lojinha (se você estiver ostentando muito).

Botanique: Verdadeiro achado na região mais central, o Botanique é uma casa de plantas que acabou de abrir e que também funciona como restaurante, café e bar. A comida é deliciosa, super fresh e muito vegan friendly! O cardápio é inspirado na cozinha espanhola, com diversas adaptações. De noite, a carta de drinks entra em cena e transforma o estiloso espaço em bar.

botanique

:: Eu sou vegetariana e todas as minhas sugestões gastronômicas aqui no blog têm opções sem carne. Também sinalizo sempre que existe opções vegan, lac free e gluten free :: 

Onde ficar  
Claro que a localização depende do propósito da sua viagem, mas acredito que se a ideia for turistar, uma boa região é a do Batel.
Quality Hotel
Apesar de diversas opções no bairro, optei ficar no Quality porque o custo benefício me pareceu justo.
Localizado na Alameda Dom Pedro (uma rua sem saída), no Batel, o hotel tem um staff super atencioso, quarto confortável, restaurante no primeiro piso e academia e piscina no rooftop.

cafe da manha
Café da manhã bem servido no Quality
rooftop hotel
Rooftop do Quality

Nas tarifas, que giram em torno de R$300, está incluso café da manhã e estacionamento.

Pros
Localização – Bairro Batel super bem servido de serviços e restaurantes.
Quarto – Bom espaço, cama confortável.
Banheiro: Ótimo espaço, amenities Natura e boa ducha.
WI-FI: Precisei muito de internet nos dias que estive hospedada aqui e em nenhum momento ela deixou de funcionar (AINDA BEM!)
Café da manhã – Sortido, com opção de omelete e tapioca feitos na hora, vários sucos e muitos pães.


Contras
Nível de ruído – Mesmo estando em uma rua super silenciosa, tive a impressão que as paredes eram de papel! Ouvia-se tudo dos quartos ao lado e acima, o que me incomodou um pouco, já que tive que passar algumas tardes no quarto trabalhando.
Sistema de aquecimento – Não consegui ajustar o aquecimento diretamente no quarto e o sistema central do hotel me parece que ficava desligado durante o dia.
Restaurante – Apesar do café da manhã ser ótimo, jantei uma noite no restaurante (às segundas-feiras eles têm um buffet de sopas por um preço bem justo) e me decepcionei bastante. Apesar de boas opções a comida estava super salgada! Depois disso, confesso que fiquei com medo de pedir serviço de quarto e acabei saindo ou pedindo delivery em todas as outras refeições.

Ficaria no Quality novamente?
Acredito que não. Apesar do staff atencioso e do quarto confortável, o barulho e o frio que passei (Curitiba não é brincadeira em Julho) deixaram bastante a desejar. Quanto à localização, existem várias outras opções no Batel, como o Mercure, o Transamérica ou o hypado Nomaa


Custo geral: $$(barato)

MORRETES E ANTONINA DE TREM

Pouca gente sabe, mas é de Curitiba, no Paraná, que sai o único trem de luxo em circulação no Brasil.

No último fim de semana, aproveitei minha estada em Curitiba para conhecer Morretes e Antonina no Litoral Paranaense, nesta viagem cheia de história feita de trem.

Quem faz? 

Você pode optar em fazer essa viagem de trem por conta própria ou por agências. Várias empresas oferecem day tours, mas escolhi a Special Paraná porque o pacote me pareceu mais interessante.

Basicamente, inclui: pick up no hotel, passagem de ida de trem, café da manhã no trem e open bar de bebidas durante a ida, almoço típico em Morretes, deslocamento de carro em Morretes e Antonina e retorno de carro para Curitiba no fim do dia.

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O passeio pode ser feito em trem regular por R$269 ou em trem de luxo, como eu fiz, por R$439 – valores por pessoa em julho/2017.

Se você optar por comprar a passagem individualmente, o site da Serra Verde vende todas as categorias (inclusive a luxo).

Como chegar

Estrada convencional: Se você estiver indo de carro, esse é o caminho mais rápido. Pela BR-277 a viagem dura pouco mais de uma hora.

Estrada da Graciosa: Conhecida como PR-410, seus 28km ligam o litoral a Curitiba pela Serra do Mar. Pelo caminho, seis mirantes (recantos) garantem a parada e fotos lindas. A estrada, apesar de linda (o nome não é por acaso), tem grande trechos de paralelepípedo e mais de 100 curvas, ou seja, não recomendada para dias chuvosos.

Trem Regular: O trem regular é usado na maioria das vezes como transporte de locais entre os municípios e obviamente é mais barato. Se a ideia é conhecer as cidades, independentemente da experiência, esse é o melhor meio de transporte para quem está visitando Curitiba e não quer alugar carro.

Ônibus: Outra opção para quem não está de carro em Curitiba e quer uma viagem mais rápida que a de trem, é ir de ônibus. Da Rodoviária de Curitiba até o litoral quem faz a viagem é a Viação Graciosa.

Trem de luxo: O Great Express Brazil é o primeiro trem de luxo em operação regular no Brasil e faz a viagem de apreciação que dura cerca de quatro horas entre Curitiba e Morretes. Essa foi a opção que eu escolhi para descer a Serra do Mar e conto (abaixo) um pouco mais da experiência.

Great Express Brazil: o trem de luxo

O Great Express Brasil é o único trem de luxo do Brasil. Operado pela Serra Verde Express, circula aos finais de semana numa viagem que dura cerca de quatro horas entre Curitiba e Morretes. A viagem atravessa a Mata Atlântica em trechos totalmente preservados e intocados (a Mata Atlântica é o bioma mais devastado do Brasil). O caminho é feito pela ferrovia Curitiba-Paranaguá, que é extremamente comercial, com trens de carga circulando a todo momento.

interior do trem
Por dentro do trem de luxo

Como funciona 

O trajeto entre Curitiba e Morretes no trem de Luxo acontece aos sábados e domingos às nove da manhã (sim, é preciso madrugar, rs).

O trem conta com dois carros, sendo que cada carro tem bar e toiletes independentes. Durante a viagem, além do guia com preciosas explicações, é servido um café da manhã (pão, geleia, manteiga, croissant com frios, alfajor e bebidas) e durante todo o trajeto é open bar, ou seja, você pode solicitar o bar (água, café, chá, espumante, cerveja, suco, chá gelado, refrigerante) a qualquer momento.

Apesar de ser um trem de luxo e super bem decorado, confesso que achei que os assentos seriam mais confortáveis. Por ser uma viagem longa, todo mundo acaba tirando um cochilo em algum momento. De qualquer forma, a viagem é bem agradável e as paisagens, de tirar o fôlego.

Roteiro

A viagem começa na Rodoferroviária de Curitiba. De lá, a viagem demora cerca de quatro horas. Apesar da distância entre Curitiba e Morretes ser de apenas 70km, o trem atinge a velocidade máxima de 35km/h, fazendo várias paradas para fotografias no caminho. Logo no começo o guia deixa claro se tratar de uma viagem de apreciação, ou seja, coloque os celulares no modo avião (ou no modo trem como eles dizem aqui, rs) e curta a paisagem. Ah, e se você não vive sem 4G, já fique sabendo que não há nenhum sinal no trajeto e mesmo nas cidades de Morretes e Antonina tem pouquíssimo sinal em locais estratégicos.

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Uma das muitas paisagens pelo caminho da Serra do Mar

Parada no santuário do cadeado: A primeira parada é de cerca de 10 minutos no Santuário do Cadeado, que fica numa área chamada Caminho de Itupeva (na ferrovia Curitiba – Paranaguá), bem no meio da Mata Atlântica. A parada acontece por causa de um mirante, que proporciona lindas fotos no meio da Mata.

Morretes: Apesar de já ser considerada área litorânea, ainda não se vê mar em Morretes, que está a 8m do nível do mar.  No entanto, a cidade de arquitetura tipicamente portuguesa, é famosa pelas suas lojinhas de artesanato, MUITA banana (doce de banana, banana chips, cachaça de banana e as famosas balas de banana) e claro, pelo prato típico: o Barreado. Trata-se de um cozido de carne, que se come com farinha de mandioca e banana e que, claro, tem que experimentar. Da cidadezinha, além de todas as coisas com banana, os guias também encorajam a compra de artesanatos, já que a cidade vive basicamente do turismo. E eu, claro, não perdi a chance de experimentar também o sorvete de banana. Recomendo!

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Uma das muitas barraquinhas em Morretes
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Fim de tarde em Morretes

Antonina: Terceira e última parada, Antonina também tem uma arquitetura portuguesa toda especial e com uma linda vista para o oceano. Aqui, já no nível do mar, se vê o oceano, e por muito tempo também sediou o quarto maior porto do Brasil, já que está situada em uma extensa baía. Hoje todo o serviço fluvial foi transferido para Paranaguá e apesar da cidade não ter tantas opções de compra como em Morretes, é um ótimo cartão postal para fotografias e apreciação do mar.

Importante: As temperaturas em Antonina costumam oscilar entre 35 graus (verão) e 5 graus (inverno), porém o vento reduz ainda mais uns 5 graus a sensação térmica. Ou seja, se visitar no inverno, não esqueça o casaco!

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Antonina e o mar ao fundo
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Arquitetura colonial portuguesa e muita história em Antonina

Retorno: O retorno é feito de van, e a estrada é escolhida de acordo com as condições meteorológicas do dia. Quando fiz, dei a sorte que voltar pela Graciosa, numa viagem de aproximadamente duas horas. Infelizmente, como já estava anoitecendo, só consegui de fato ver a estrada nos primeiros trinta minutos. Se você estiver de carro e viajando no inverno, é recomendável sair do litoral antes das 17h, horário que começa a escurecer.

Leia também: Inverno em Curitiba