Uma aventura de carro pelas ilhas do sul da Flórida
Uma das grandes novidades desse ano (se não a maior), é que em março adotei uma cachorrinha. Para amantes de animais, assim como eu, pode soar absurdo, mas, em 31 anos, essa é o primeiro pet que eu possuo. Logo, vocês já podem imaginar a aventura que tem sido – uma eterna montanha russa de erros, acertos e frustações.

Talvez a última delas, – e também a mais animadora – é que meu marido e eu resolvemos levar Bart, nossa vira-lata, em uma viagem de carro. Como sabemos que ela já está super adaptada ao carro, não hesitamos em fazer uma viagem um pouco mais longa. O percurso total de Tampa, onde moramos, até Key West, nossa última parada, é de aproximadamente 7h. Já adianto que foi mais cansativo para nós do que para ela, que dormiu TODA a viagem.
Apesar de ter apenas 6 meses, Bart tem sido adestrada desde os 3 e responde bem a comandos básicos, além de ser super sociável e não latir muito. Como trabalhamos de casa e estamos 90% do tempo com ela, achamos que incluí-la em uma das nossas frequentes viagens não seria de todo ruim. E não foi.
Ouso dizer que, ainda que tenha sido a nossa primeira experiência, carregamos alguns aprendizados importantes que serão úteis para as nossas próximas férias em família. Entre eles:
Dirigir com um pet: Quão acostumado seu animalzinho está com o carro/avião/barco? Para uma viagem mais longa, é importante ter certeza que ele não enjoa, fica muito ansioso ou inquieto. Para tornar tudo menos estressante, faça paradas frequentes – no nosso caso, fizemos a cada duas horas.
Saúde: Sempre mantenha todas as vacinas em dia e acompanhe a saúde do seu animalzinho, que deve estar 100% antes de vocês caírem na estrada.
Tamanho: Quanto menor o cachorro, mais fácil parece ser. Várias companhias aéreas permitem que você voe com o pet de porte pequeno na cabine, assim como a maioria dos hotéis que se dizem pet friendly tem na verdade uma política que não permite cachorros acima de um determinado peso. Aqui nos EUA, a maioria dos hotéis que pesquisamos tinham como peso limite 15 libras e poucos aceitavam até 50 libras. Não achamos nenhum hotel na região da Florida Keys que ultrapassassem esse peso.
Duração: No total, ficamos fora de casa por 5 dias, muito pouco para nós, mas com certeza o limite da cachorra. Animais costumam se estressar quando saem da rotina , e claro, que com Bart não foi diferente. Enquanto no começo da viagem ela mostrou uma hesitação sem fim, no fim do quarto dia, o comportamento foi sendo gradativamente alterado e percebemos que ela começou a mostrar sinais de exaustão. Achamos que o tempo ideal para mantê-la de férias é um fim de semana longo (3 dias).
O que são as Keys
Florida Keys ou somente Keys, como são conhecidas aqui nos EUA, são um conjunto de ilhas no extremo sul da Flórida, famosas pelo clima quente, esportes aquáticos e águas clarinhas. Por se tratar de um istmo, compreende duas porções de água sendo o golfo de um lado e Oceano Atlântico do outro.

Geograficamente, são dividas em superiores, medianas, inferiores e em Key West, o ponto mais austral dos EUA e também a ilha mais populosa dentre as 1700.
Como chegar
De Tampa, existem três jeitos de chegar em Key West com o pet: carro, de avião ou barco.
- Carro: é a viagem mais demorada, mas mais confortável para o seu bichinho que já está familiarizado com o seu veículo, necessitando apenas de uma ou outra parada estratégica para o banheiro. Na ida (Tampa – Key Largo) paramos 3 vezes – duas em áreas de descanso e uma em um posto de gasolina. Na volta, paramos 4 vezes – uma para almoçar numa cafeteria com área externa, uma em uma área de descanso e duas vezes em postos de gasolina.
- Avião: melhor opção para quem tem pouco tempo e um “lap dog”, ou cachorro de colo, que tem um porte pequeno o suficiente para ir na cabine com os donos. Daqui de Tampa tem voos diretos pela Silver Airways, mas se você vem de outra cidade, a maioria dos voos fazem conexão em Miami.
- Barco: Saindo de Fort Meyers ou de Marco Island – ambos na costa Oeste da Flórida – O Key West Express é um ferry que faz essa travessia em cerca de 3h e permite animais domésticos de diferentes portes. É uma boa ideia para curtir o trajeto cênico das águas cristalinas do golfo. Chegando em Key West é aconselhável alugar um veículo, seja ele carro de golfe, e-car ou motocicleta, especialmente para quem se hospeda fora da região da Duval St.
Observação: Para barco ou avião, é extremamente importante informar, durante a reserva, a presença e os detalhes do seu animalzinho.
Clima
O clima é de calor o ano inteiro, mas alta temporada é no outono/inverno, quando a umidade e o calor dão uma leve trégua. Se possível, evite o período de agosto a outubro, famoso pelas fortes tempestades e possíveis furacões.
Onde ficar
Antes de sair de casa com Bart, sempre dou uma olhada no aplicativo Bring fido, que concentra todas as opções de pet-friendly de lazer, restaurantes e hotéis.
No caso especifico da nossa viagem, o peso/tamanho foi limitante na hora de escolher um hotel, já que Bart tem 45 libras, e boa parte deles permite apenas animais pequenos. Quebramos a nossa viagem em duas praias: Key Largo e Key West.
Key Largo: Ficamos no Baker’s Cay Resort e foi a decisão mais acertada da vida! O hotel é novo e peca em alguns aspectos, como não ter room service e o restaurante fechar às 22h (foi um problema no dia que chegamos super tarde e perdemos o jantar). Por outro lado, tem uma área externa imensa, uma praia privativa onde os animais são permitidos e uma trilha, perfeita para passear com os bichinhos.
Key West: Enquanto achamos que acertamos muito em Key Largo, não temos tanta certeza quanto a Key West. Primeiro porque se trata de uma cidade mais “badalada”, cheia de bares e clubes e lotada praticamente o ano inteiro. Segundo, por que apesar do hotel onde nos hospedamos, Havana Cabana, ser uma delícia e todos os funcionários amarem a nossa cachorrinha, achei que faltou bastante espaço para ela, tanto no quarto quanto no hotel em si, que tinha o lazer praticamente restrito à piscina. Voltaria com certeza ao Havana Cabana sozinha, mas acho que escolheria um hotel num estilo mais próximo ao hotel de Key Largo.
O que levar em conta na hora de escolher o hotel
- Política do hotel em relação à permissão de animais
- Área de lazer – Onde seu dog irá fazer as necessidades e passear. A maioria dos hotéis não permitem pets na área da piscina, e tudo bem, contanto que existam outros lugares onde humanos e cachorros possam coexistir sem maiores complicações.
- Tamanho do quarto
- Tratamento e receptividade a animais
- Se tiver opção, escolha resorts a hotéis menores como pousadas e hotéis boutiques.
O que fazer nas Keys
Dirigir: A minha parte favorita da viagem às Keys, com certeza é o caminho. Por isso, não abri mão de dirigir até Key West. Das ilhas superiores até Key West, são cerca de duas horas de viagem. No caminho, além de passar por todas as cidadezinhas, a famosa Overseas Highway ou US-1, é uma estrada de 180km, que como o próprio nome sugere, atravessa praticamente toda as Keys, com exuberante vista da água. Quando parece que não dá para ficar mais lindo, a Seven Mile Bridge, nos arredores de Big Pine Key, surge como uma das pontes cênicas mais lindas que já vi. A parte negativa é que não existe um observatório, como na US-1 da California, por exemplo, mas valem algumas paradas pelo caminho para contemplar e, quem sabe, conseguir um bom ângulo para uma foto inesquecível.
Key Largo: A primeira das ilhas, conhecida como a capital mundial do mergulho, fica a uma hora de Miami. É a mais longa das ilhas, cercada por hotéis de praia e resorts e com o parque estadual John Pennekamp Coral Reef, famoso pelos corais e ótima opção para passar o dia com o pet.
Islamorada: Além das lojinhas e clima praiano cool de Islamorada, no Founders Park tem uma área para cachorro. O parque é privativo, mantido pela comunidade local e custa US$5 para uso tanto da área de animais, quanto de lazer (inclui piscinas e quadras).
Big Pine Key: A mais próxima da Key West, Big Pine Key tem uma das atrações mais legais, o Bahia Honda State Park, considerada uma das praias mais bonitas da região. Logo em frente tem um estacionamento de motorhome e, apesar de ter só passado por lá, fiquei com vontade de voltar com meu motorhome para uns dias de acampamento pé na areia.
Key West: Antro da badalação, bares e turismo gay, Key West me deixou com a sensação de estar numa New Orleans com praia. Com o calor que fazia enquanto visitava, confesso que fiquei limitada a sair com Bart apenas durante a noite. Andamos pela famosa Duval Ave e brincamos nos Higgs Beach Dog Park, um parque exclusivo para cachorros. Se tiver a chance de deixar seu animalzinho com alguém, dois passeios que super recomendo para amantes de literatura, é a casa do Ernest Hermingway e a casa do Tennessee Willians, ambas localizadas no mesmo quarteirão, a poucos metros da Duval.
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