MENDOZA ALÉM DO VINHO

Cidade, montanha e esportes radicais: O potencial de Mendoza, na Argentina, é altíssimo e vai muito além dos seus vinhedos. Aqui, mostro a infinidade de possibilidades e o meu (enxuto) roteiro de quatro dias

Considerada a Oitava Capital Mundial do Vinho, Mendoza está pertinho do Chile e aos pés das Cordilheiras dos Andes. Muito de sua fama vem do turismo, o que faz com que todos os locais saibam receber muito bem.

Mais visitada por brasileiros, europeus e norte-americanos do que por argentinos, fez sua fama graças ao vinho, herança da massiva imigração européia no século 19.

É um destino completo: mescla urbano e natureza e uma gastronomia sem igual. Já pensou em aproveitar um dos muitos feriados que temos no Brasil para dar um pulinho  logo ali?

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Maipú, Mendoza (AR)

Como chegar

Avião: Voo  direto de São Paulo pela GOL e LATAM.
Outras opções são com conexões em Santiago, Buenos Aires ou Cordoba

Carro: Alugando um carro, dá para emendar uma viagem a Córdoba ou a Santiago do Chile. Para os que tem mais tempo, uma alternativa é dirigir de Buenos Aires (1000km).

Ônibus: Diversas empresas fazem esse trecho sendo a mais barata a Central Argentino.

Leia também: [Parte II] Córdoba: As serras

Clima

Desértico – pouca chuva (200mm), verão ameno, inverno bem frio. Grande parte da irrigação do solo vem do degelo dos Andes e isso fica bem claro ao se notar as grandes canaletas que atravessam a cidade com essa função (abaixo).

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Cuidado para não tropeçar na calçada e cair no buraco, rs 

Outro detalhe a se considerar é que, assim como o seu vizinho Chile, está em uma área de atividade tectônica e frequentemente é abalada por sismos e terremotos.

O que fazer

O roteiro se divide pela cidade e seus Cassinos, restaurantes e Parques; o turismo de aventura, (trekking, rafting, ski) e claro, o enoturismo.

Bodegas

Bodega é o nome em espanhol dado às vinícolas.

O enoturismo é o protagonista em Mendoza e não é à toa. É nesta região que são produzidos aproximadamente 70% de todo o vinho nacional (os outros 30% se dividem entre os departamentos do norte – La Rioja, San Juan e Salta).

São mais de 1200 bodegas, sendo quase impossível não encontrar uma do agrado até de quem não gosta de vinho.

Em sua grande maioria, as bodegas se dividem nas regiões de Maipú, Luyan de Cuyo e Valle de Uco.

A melhor época para visitar é próximo à colheita, em fevereiro/março. No primeiro sábado de março acontece a famosa Festa Nacional da Vendímia que agita ainda mais a capital do vinho.

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Da minha seleção, visitei (todas em Maipú):

VISTANDES
Pouco procurado e de produção mais artesanal e de menor escala, o vinho produzido aqui só comercializado na própria bodega ou exportado ao México e a Alemanha. A visita garante uma exclusiva chance de degustação. Um diferencial: também é cultivada a uva Torrontés, originalmente espanhola.

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LA RURAL
Diferentemente da bodega anterior, aqui é produzido o vinho Rutini, largamente exportado ao Brasil e facilmente comprado em qualquer lugar da Argentina. A bodega que era casa do seu fundador, o sr. Rutini no século 19, hoje foi vendida a um banco Argentino e opera paralelamente à RUTINI WINES. Por se tratar de um grande conglomerado e bem conhecida, a visita estava lotada quando a fiz, o que foi um ponto super negativo, além de ter achado todas as explicações meio superficiais. Um diferencial: É nesta bodega que fica o Museo del Vino, um dos mais completos da Argentina. A visita guiada pela bodega passa pelo museu que preserva elementos originais do século 16 e mostra a história da Argentina Colonial por seus objetos.

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FAMÍLIA ZUCCARDI
De todas bodegas essa é a que tem a maior estrutura: vinhedos e restaurantes conversam entre si em um imenso terreno que produz o vinho Zuccardi, também facilmente encontrado na Argentina. O restaurante oferece um menu exclusivo, harmonizado com os principais vinho da casa. Um diferencial: Além dos vinhos, também produz azeites e servem degustação de seus três azeites no almoço: provavelmente os mais gostosos que você provará nessa vida.

familia zuccardi

DICAS PRECIOSAS PARA VISITAÇÃO:

  • Não alugue carro, contrate uma agência – Por razões óbvias: álcool e direção não combinam em nenhum lugar do mundo.
  • Priorize a reputação da bodega – Em geral as pessoas escolhem visitar as bodegas que produzem um vinho que já é conhecido. Eu mesma caí nesse erro e alerto que não é porque você gosta de determinado vinho que o tour/guia/vinicola valerá a pena. Como existem muitas opções, a agência é essencial para ajudar na escolha.
  • Faça visitas intercaladas – Mesmo que você seja um grande amante de vinhos, usar todos os seus dias na cidade para visitar bodegas pode ser um pouco fatigante. Intercale os dias de visitação com as outras atrações que a região oferece e, na minha opinião, não gaste mais do que três dias em vinhedos. Lembre-se: você terá a chance de experimentar bons vinhos em praticamente todos os restaurantes em Mendoza.

Fiz toda visitação com a Nossa Mendoza, que como já sugere o nome, está super preparada para receber brasileiros. Mais do que recomendado!

Montanhas

Visitar os Andes é um must do! São paisagens maravilhosas e a chance de ficar aos pés da maior montanha da América do Sul, o Aconcágua!

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Mendoza – Chile: Pela Ruta 7 

O paredão dos Andes separa a Argentina do Chile em paisagens que vão se modificando pelo caminho.

O trajeto pode ser feito por agência ou por conta própria. Por comodidade, aluguei o carro na Hertz, no centro de Mendoza.

A estrada é bem fácil: Ruta 7 na direção Chile. De qualquer forma, vale a pena prestar atenção às questões de segurança, já que acidentes são comuns por ali, seja por ultrapassagens proibidas ou fenômenos da natureza como deslizamentos de terra e nevascas.

No inverno o uso de correntes nas rodas é mandatório e a Polícia local fica bem alerta.

Se puder planejar, visite durante o verão, quando as chances de pegar todas estradas abertas é maior.

Mochileiros: A empresa responsável pelo trajeto de ônibus é a Andesmar

E não se esqueça de levar comidinhas e água, já que não existem muitas conveniências pelo caminho. Roupas de frio também são essenciais: a temperatura chega a zero no verão e a altitude difere 3000m de Mendoza.

A viagem dura cerca de 2:30 e pode ser feita como um bate-volta.

PARADAS

Além da estrada em si ser linda, algumas paradas são estratégicas pelo caminho.

Potrerillos: A 65km está o povoado de Potrerillos, que vale uma rápida parada no mirante da estrada para admirar a Represa de Potrerillos. Inaugurada em 2001, com água azul turquesa proveniente do Rio Mendoza, é responsável pela produção de 60% de energia consumida pelos locais.

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Represa de Potrerillos ao fundo

Uspallata: Primeira “grande cidade” pelo caminho, normalmente é onde se almoça. Há outros serviços como posto de informação turística, posto de gasolina, banco, farmácia e pousadas.

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Praça Central e Informações Turísticas em Uspallata 

Puente del Inca: Distante apenas 3km da entrada do Parque Provincial do Aconcágua, é um pequeno povoado que ficou famoso pela formação rochosa homônima. Por ali é possível fazer um lanche rápido, visitar lojinhas de artesanato/roupas e fotografar a ponte.

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Puente del Inca: No inverno também  se pode observar a formação de estalactites. 

Importante: Por questões de segurança,  a estrada que leva à ponte está fechada, assim como o acesso à mesma que pode ser vista através de um mirante.

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Feira de produtos locais em Puente del Inca

Aconcágua: Montanha mais alta com mais de 8000m, pode ser acessado pelo Parque em uma visita simples ao mirante, pela trilha de 3km que leva Laguna Los Horcones ou ainda, em expedição de semanas que leva ao seu cume.

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O Parque do Aconcágua costuma estar aberto entre novembro e fevereiro, mas isso é bem variável. Durante a minha ida na primeira semana de novembro, enfrentei uma nevasca no meio do caminho e não pude chegar lá.

Clique aqui para acompanhar o prognóstico de neve e abertura/fechamento do parque.

Cristo Redentor de los Andes: Um pouco mais a frente do Parque, está em Las Cuevas a estátua do Cristo Redentor. A estrada, sinuosa e de terra não é muito recomendada em veículos convencionais e normalmente fecha com o mal tempo.

Para esquiar

Na mesma ruta, Los Penitentes está a 180km do centro da capital, no povoado de Las Heras. Mais ao sul (4h de Mendoza), está Las Leñas como uma alternativa a Bariloche.

Gastronomia

O que não falta em Mendoza são bons restaurantes. A maioria deles ficam dentro das bodegas ou na região central da cidade.

Por onde passei:

Para comprar vinhos: Winery e Sol y Vino

Onde ficar

Existe basicamente duas opções de hospedagem: na cidade ou no campo.

Se você prefere a paz do campo, uma boa opção é o hotel The Vines, no Valle do Uco, famoso pelos vinhedos e pelo restaurante do famoso chefe Francis Mallmann, o Siete Fuegos.

Outras opções são: o Termas Cacheuta Hotel e Spa, em Cacheuta, região famosa pelas águas termais, as cabanas do Vista Calma em Porterillo com vista para a represa ou o Ayelen, em Los Penitentes, perfeito para esquiar.

Para quem quer aproveitar os arredores de dia e agitada cidade à noite, recomendo o Park Hyatt, onde me hospedei durante esses quatro dias.

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Foto: Park Hyatt Mendoza (Divulgação)

Já havia me hospedado anteriormente no Hyatt em San Antonio, no Texas e por se tratar de um hotel de rede, o serviço é bem semelhante.

Leia também: Texas e os Cowboys

Hotel, Spa & Cassino 

Instalado em um casarão bem em frente à principal praça da cidade, a Plaza Independencia, a infra-estrutura do hotel não deixa à desejar.

Anexo, há um Cassino integrado que funciona das 10:00 às 6:00, uma galeria de arte e o Spa Kaua (com piscina, academia, sauna e hidromassagem) e Business Center no Mezanino. O estacionamento é gratuito para 60 veículos e a parte gastronômica dispõe de cinco restaurantes: Bistro M – restaurante principal; Grill Q – Churrascaria tradicional; Las Terrazas – Lobby bar, que também oferece Afternoon Tea diariamente a partir das 17:00; Uvas Lounge – Bar da piscina e Âmbar Living – bar dentro do Cassino.

Da seleção oferecida pelo hotel, utilizei apenas o Bistro M e o room service para café da manhã todos os dias.

Nota: Assim como a maioria das redes norte-americanas, o café da manhã do Hyatt geralmente não é incluso. Há uma tarifa diferenciada que inclui café da manhã, porém como não era meu caso, fiz a minha seleção personalizada e solicitei por room service pelas manhãs.

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Área da piscina (Park Hyatt)
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Cassino (Park Hyatt)

O wifi é gratuito e liberado dentro de todas as áreas do hotel.

Quartos

Standard, Deluxe, Suite ou View.

Fiquei no Standard King (36 metros quadrados) com vista para o interior do hotel. Achei o quarto OK, cama king bem confortável, mini bar super recheado e estação de trabalho completa, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o banheiro. Nunca vi um banheiro tão grande, JURO que metade do quarto era banheiro, haha.

E foi no banheiro que também tive uma surpresa ótima: os amenities! Eles eram todos personalizados pelo próprio hotel com extrato de vinho. Uma delicadeza que amamos!

Na área do banheiro também está o closet, cofre, banheira e ducha.

Saiba mais: Para uma experiência personalizada, contate o Concierge.

Park Hyatt Mendoza ★★★★★
Chile 1124 – Mendoza/ Argentina – Tel: +54 261 441 1234

O que levar na mala

Independentemente da época do ano, leve um tênis bem confortável para as caminhadas e esportes (não necessariamente bota de trekking), vestido clássico (para os jantares), óculos de sol, um casaco de frio e muito hidratante (corporal e labial).

Custo Geral: $$$ (moderado)

PARTE II: CÓRDOBA, AS SERRAS

:: No começo de julho visitei Córdoba, na Argentina e dividi minhas opiniões em dois posts: A cidade e as Serras. Nessa segunda parte, conto um pouco da minha experiência nas famosas Serras Cordobesas e como foi passar a noite em um dos hotéis mais lindos em que já estive. ::

Leia também: A cidade de Córdoba na Argentina

Como comentei no post anterior, apesar de ter achado a capital “mais do mesmo” e  ter ficado ligeiramente decepcionada, especialmente com a qualidade e atendimento dos serviços, me questionei sobre porque Córdoba é um destino tão popular dentro da Argentina.

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Durante muito tempo Córdoba foi muito mais famosa pelas Serras Cordobesas, isto é, as cidades montanhosas que ficam no interior da Província, do que pela capital em si. E eu entendi isso rapidamente quando peguei a estrada.

Como chegar

Acho que vale a pena alugar um carro, pois parte da graça dessa viagem, é poder ir parando nos vilarejos, tomando um café, tirando fotos pelo caminho. Caso a ideia seja um destino específico, como La Cumbrecita, é possível pegar um ônibus da Viação Pajaro Blanco em Villa General Belgrano.

Os vilarejos

Villa Carlos Paz: Amigos argentinos tinham me sugerido parar em Carlos Paz, mas a verdade é que, saindo da capital, não tinha ideia do que encontraria na minha primeira parada. De fato, há muito pouca informação sobre Carlos Paz e a região parece ser um refúgio dos próprios argentinos, já que está localizada a apenas 36km.

Logo na entrada, me espantei porque não pareceu uma vilinha, e sim uma cidade grande! Muito comércio e avenidas, até que fomos parar no lago San Roque e do nada, estávamos no meio da natureza. Por ali ocorrem diversas atividades no verão como canoismo, pescaria e passeios de barco. Por estarmos no inverno, a região estava completamente deserta.

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Seguimos sem entendermos muito os atrativos da cidade até que tcharan: o GPS nos levou a centro e bem, de repente me pareceu que estávamos em Punta del Este!

Muitas, mas muitas lojas e restaurantes e acho que é por ali que o agito acontece. Como estava bem cedo, aproveitamos para parar na Medialuna Calentitas (sim, uma casa de medialunas de…Punta del Este, rs) e tomar café da manhã.

O centro é tão mas tão turístico, que até wifi por lá é gratuito!

E antes de deixar a cidade, fizemos uma parada estratégica para comprar alfajores na fábrica da La Quinta. Nunca tinha experimentado o Alfajor cordobés e olha…MUITO melhor que os outras (sério!). Comprei apenas uma caixa e comi a caixa inteira em 2 dias na Serra, tanto que parei parei no free shop do aeroporto para comprar mais (obviamente com um preço bem menos vantajoso). Minha dica aqui é: Aproveite Carlos Paz para comprar MUITOS alfajores. Sim, tem várias fábricas e com preços bem mais atrativos do que na capital. Acho que vale a viagem, tipo, bate-volta, nem que seja pra comprar alfajor e almoçar…afinal, tão pertinho, não é mesmo?

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Na volta, fomos parados pela polícia rodoviária, e apesar de não estarmos fazendo nada de errado, fiquei apreensiva com a quantidade de postos policiais nas estradas de Córdoba.

Alta Gracia: A 36km de Córdoba, a segunda parada tinha apenas um objetivo: visitar a casa que Che viveu sua infância e adolescência. Nascido em Rosário, Che mudou-se com a família ainda bem pequeno para o interior de Córdoba porque, segundo os médicos, ele precisaria de ar das montanhas para seguir vivendo bem. Asmático crônico, por aqui ele ficou até ingressar na Universidade em Buenos Aires.  A casa que está super bem conservada, é claramente um grande atrativo ao turismo local e tem guias de visitação em diversas línguas.

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Na praça central tem wifi gratuito, uma feira local de artesanatos e algumas opções de cafés e restaurantes.

Villa General Belgrano: Casa da OktoberFest na Argentina, por algumas horas estivemos na Alemanha sem sair da Argentina. A região é uma espécie de Blumenau, com muitas comida argentina em casas alemãs (sim, difícil de entender rs). Paramos para um longo almoço no Cafe Rissen e compramos azeites. Se possível, evite visitar aos finais de semana, fomos num domingo e a cidade estava tão mas tão lotada que deu até vontade de sair dali. No mais, acho que não vale a parada se não for para comer.

Villa los Molinos: Apenas passei de carro por aqui, mas confesso que gostaria de ter ficado pelo menos uma noite. Bem no meio da Ruta 5, e a 90km da capital, tem um lago imenso artificial, chamado Dique Los Molinos, que viabiliza atividades de turismo. Pela estrada, há vários mirantes que rendem fotos maravilhosas  e alguns restaurantes com vista, sem esquecer os vários artesanatos, salames e queijos, vendidos em lojinhas ou nas estradas. Se você estiver indo a La Cumbrecita, se programe para, pelo menos, uma parada rápida na região.

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Calamuchita: A mais distante da capital, Calamuchita ou Valle de Calamuchita está a aproximadamente 150km de distância (ou 2h30min de carro). Cercada por montanhas e lagos e arquitetura européia, é famosa por abrigar a colina mais alta de Córdoba, o Cerro de Champaquí, pólo de turismo de aventura. Quando o assunto é comida, a região é famosa pela produção de berries, mais especificamente das frambuesas de Calamuchita.

La Cumbrecita: Localizado a 120km de Córdoba, esse pequeno vilarejo é considerado um dos mais românticos do país e destino certeiro de lua de mel. Conhecido como Pueblo Peatonal, leva esse nome por não ser permitida a circulação de carros em seu interior. Logo ao chegar, se avista vários guardas que cobraram o equivalente a 80 pesos argentinos para que seu carro seja estacionado na entrada e de lá, se segue a pé.

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Se você estiver hospedado em um dos hotéis da região, não é necessário pagar o estacionamento. Solicite um voucher no próprio hotel e apresente na entrada a um dos guardas de turismo.  Quando fui, não sabia desse detalhe, mas mostrei um email da reserva do hotel no meu celular e não precisei pagar.

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Dentre as atrações, milhares de restaurantes e lojinhas e trilhas fazem a fama do pueblo. Ah, e não se esqueça de usar sapatos bem confortáveis, já que não há asfalto e há grandes inclinações pelo trajeto.

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Por causa da curta distância (aproximadamente duas horas de carro), muita gente faz essa viagem como um bate-volta. Eu recomendo muito passar uma noite na cidade, que tem um clima todo especial e fica ainda mais romântica no inverno.

Dormindo em La Cumbrecita: O hotel dos sonhos

Acredito que grande parte da mágica da nossa viagem às Serras foi o hotel onde ficamos em La Cumbrecita. Como era aniversário do meu namorado, queria um lugar especial e o Casas Viejas parecia uma opção tranquila e afastada da lotação do centrinho.

Pois bem, o lugar superou (E MUITO) as nossas expectativas.

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O nosso primeiro desafio foi chegar lá. Sim, porque quando saímos do Centro de La Cumbrecita, tentamos ir por conta própria usando o GPS. Meus amigos, NÃO FAÇAM ISSO.

Por estar basicamente no meio do nada, o sinal do telefone não funciona e mais: você nunca vai achar esse hotel por conta própria e se o fizer, não conseguirá chegar com um carro convencional.

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Afastado a mais ou menos 3km do centro de La Cumbrecita, está literalmente, no meio de uma montanha. Sem estrada asfaltada, muita terra, neblina e neve, não tente ir por conta própria. Combine antecipadamente com o staff do hotel que horas você deseja que eles tem busquem na entrada do Centro. Você estaciona o carro lá, não paga e eles vão com um jeep buscar você.

Como não sabíamos disso, ficamos dando voltas pela região até termos a fantástica ideia de voltar ao Centro e pedir ajuda. O pessoal do turismo de La Cumbrecita ligou para o hotel e meia hora depois, eles estavam lá, socorrendo a gente.

Já no jeep e pegando a estrada para o hotel, entendemos porque o motorista demorou 30 minutos para dirigir 3km haha.

Até aí pode estar parecendo uma péssima ideia a nossa hospedagem, mas não.

O hotel, super exclusivo, tem apenas 6 quartos, restaurante para refeições (já que obviamente você não vai querer sair de lá pra nada) e um spa que nos recebeu com uma massagem gratuita.

Agora segura esse quarto, essa vista, essa vida.

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O quarto tem uma calefação super eficiente – são três aquecedores e uma lareira – frigobar, varanda externa com balanços e varanda interna com hidromassagem. O banheiro foi o único “ponto negativo” do quarto, já que além de pequeno, não tem aquecimento e água do chuveiro demora MUITO para aquecer (algo totalmente aceitável, lembrando mais uma vez que estávamos no meio do nada).

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As refeições no restaurante também estavam deliciosas, e é servida em 3 passos: entrada, prato principal e sobremesa. Avisei logo no check-in sobre minha restrição alimentar, e o chefe preparou uma opção vegetariana sem nenhum problema.

Quanto ao café da manhã, achei bem mais simples – apenas algumas opções de pães, frutas e bebidas quentes. Fica aí minha crítica ao hotel, que acho que poderia oferecer também opções mais saudáveis como cereais, iogurtes e ovos/omeletes.

No mais, só tenho a agradecer a maravilhosa estadia e todo o staff, super atencioso.

Ah, e não menos importante: eles aceitam cachorros 😉

Diárias a partir de R$750,00 

Leia mais: Planejando a sua viagem para a Argentina

 

 

 

ROTA ROMANTICA E O SUL DO BRASIL

Diferentemente do ano passado, esse ano passei meu dia dos namorados no destino mais visitado por casais apaixonados no Brasil: a Serra Gaúcha. Foram 3 dias e 2 noites em Gramado com um pulinho em Canela, que fica ali do lado.

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Como chegar

Para chegar em Gramado, o caminho mais fácil é de avião, pousando em Porto Alegre (se você estiver fora do Estado). Do aeroporto, são 120km até Gramado – cerca de duas horas de carro – e o caminho mais simples é pela BR-116 e depois a 373.

Esse trajeto foi o que um amigo local me sugeriu, já que devido às chuvas, a qualidade das estradas poderia estar comprometida. Logo, não segui a sugestão do Google Maps e no fim, não sei e nem nunca saberei se fiz bom negócio, rs.

A primeira metade, chamada de Rota Romântica é bem bonita: muitas curvas e flores, realmente encantador. Quando saí da 116 fiquei bem impressionada com a qualidade das estradas, que são bem ruins. Metade do caminho não é asfaltado e como havia chovido muito durante a semana, vários trechos estavam interditados com deslizamentos. Uma recomendação pessoal se você for dirigir, é evitar ir à noite, já que além das estradas esburacadas e o risco de atolamento, a neblina é deixar qualquer um desesperado (não dá para ver nada mesmo ).

Uma alternativa para os mochileiros, é ir de ônibus. A Citral faz o trecho até a Serra e apesar de achar que ter um carro facilita bastante a locomoção por lá, vi que a Rodoviária de Gramado é bem no Centro, ou seja, indo de ônibus você conseguirá fazer visitar as principais atrações de Gramado à pé e pode chamar um táxi para ir a Canela.

Há também um ônibus de turismo (aqueles de dois andares) que faz paradas nos principais pontos turísticos em Gramado e Canela e é uma ótima saída para quem não quer dirigir. Para saber mais, clique aqui.

Caso esteja procurando algum serviço mais personalizado, é possível contratar um transfer ou carro particular com antecedência.

Clima

Por estar em uma zona temperada, o clima aqui é ameno no verão e bem frio no inverno com chuva durante todo o ano. Neblina e geada são frequentes à noite e em casos extremos, pode chegar a nevar.

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Esse azul do céu de gramado ❤

Durante os dias que estive em junho, a temperatura oscilou entre 3 e 14 graus Celsius.

Onde ficar

Existem milhares de opções de hospedagem na região e até a possibilidade de fazer um bate e volta de Porto Alegre. Eu me hospedei no Estalagem St Hubertus, que fica em Gramado.

O hotel é lindo, de frente ao Lago Negro e por ser Dia dos Namorados, já na entrada nos receberam com um espumante.

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Os amenities do banheiro eram todos L’Occitane (AMO!).

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E como cheguei tarde e cansada, pedi room service para o jantar (e estava tão bom que acabei pedindo room service nas duas noites seguintes também).

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Além do conforto do quarto, as áreas comuns do hotel são um charme a parte – Sala de leitura, sala de bilhar, mini biblioteca, sala de TV (SKY HDTV) e de jogos (cartas e xadrez, sala de reuniões (até 16 pessoas), trilha para caminhada em frente ao hotel, piscina térmica coberta e com cascata, sauna, equipamentos para ginástica: bicicleta e esteira e sala de lareira.

Ah e não menos importante: o wifi é gratuito e funciona bem tanto no quarto quanto nas áreas comuns.

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O café da manhã e o chá da tarde estavam incluídos na diária e diariamente, um pouco antes do jantar, deixavam uma térmica com água quente, saquinhos de chá e cookies no quarto.

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Chá da tarde
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Chá com bolacha no quarto todo dia antes de dormir  

Na última noite, fiz massagem e limpeza de pele no spa do hotel e foi uma delícia – além do preço super justo: R$245.

Na saída, o staff nos presenteou com uma foto do casal e uma sacolinha com água, palha italiana e um brinde.

Apenas o hotel mais atencioso no qual já me hospedei.

Diárias a partir de R$800,00.

Roteiro 

Basicamente dividi meu fim de semana em Canela (sábado) e Gramado (domingo).

Canela

Parque Estadual do Caracol: A atração mais visitada em Canela foi a minha escolhida para começar o fim de semana. A 7km do centro, o cartão postal é com certeza a Cascata do Caracol, uma queda d’agua de 131 metros. A trilha de acesso está interditada a alguns anos, mas você pode vê-la se fizer o passeio de teleférico. Custa R$42 por pessoa e estudantes não pagam meia (#chateada). O bondinho faz três paradas, sendo que a melhor fotografia é tirada na última (e mais próxima a queda). O Parque é lindo e vale o investimento!

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Mundo a Vapor: Parque/museu dedicado ao processo de maquinário no Brasil, em especial ao trem, aqui se visualiza em miniaturas todos as etapas da industrialização na primeira metade do século XX. O ingresso, no valor de R$30 também dá direito a um passeio de trem.

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Reino do Chocolate:  Espaço dedicado à história do chocolate, estava fechado quando visitei, porém tem uma loja IMENSA de chocolates Caracol, super tradicionais por lá. Ou seja, as compras de chocolate valeram a visita.

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Tanto em Gramado quanto em Canela o que não faltam são chocolateries. Pesquise antes uma marca e tipo de chocolate do seu agrado e dedique uma horinha do seu dia para ir a uma loja específica.

Gramado

Lago Negro: De frente ao hotel que estava hospedada, esse lago tem além de um Parque lindo ao arredor aonde os gaúchos se encontram para conversar e tomar um mate, uma pista de caminhada de 700m e diversas lojinhas com artesanato e comida típica. Fiz o passeio de 20 minutos de pedalinho por R$30 e voltei a ser criança.

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Le Jardin – Parque de Lavanda: O nome do local é um pouco injusto, uma vez que, diferentemente do que acontece nos Lavandários de Cunha, não vi nenhuma área só de lavandas e sim diversas flores e árvores. Apesar disso, o espaço é lindo e vale a visita, e na saída, uma loja vende cosméticos e produtinhos feitos com as flores por lá cultivadas.

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Rua Coberta e Arredores: Provavelmente o lugar mais visitado de Gramado, a rua Coberta é uma rua de 100 metros que, como diz o nome, é coberta e reservada para pedestres. No dia que fui, estava tendo a Feira do Livro de Gramado, com diversas tendas e uma banda tocando jazz ao fundo. Para quem quiser almoçar, vários restaurantes também estão na rua. Saindo de lá, dê uma volta pelo centrinho de Gramado, com várias lojinhas de roupa, comida, artesanato e muitos restaurantes.

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Gastronomia

A gastronomia local é maravilhosa e famosa pelo Café Colonial, uma espécie de Brunch, com bebidas quentes, sucos, muitos pães e bolos, tortas e doces. Outras iguarias facilmente encontradas são: vinho e suco de uva (já que a região também é conhecida por suas vinícolas) e queijos.

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Detalhe do Café Colonial do hotel

Como no hotel tanto o café da manhã quanto o chá da tarde estavam inclusos na diária, acabei fazendo poucas refeições fora, uma ótima pedida para economizar!

Em Gramado, a oferta de restaurantes é maior, já que muito do turismo rola em torno da gastronomia e as opções são fartas quando se trata de cozinha européia: restaurantes de comida suíça (e muito fondue), alemã e cantinas italianas estão por toda a parte.

Estes foram os restaurantes onde estive, todos em Gramado:

Cantina Pastasciutta: Almoço do primeiro dia, essa cantina é bem famosa por lá. Estava tão frio que eu só queria saber de comer uma massa bem quentinha e valeu a pena. O único porém é que a fila de espera às 16h era de 40 minutos, então acredito que mais cedo deve ser ainda mais concorrido. As massas são servidas para duas pessoas e tem a opção de pegar antepastos no buffet por um preço de R$11 por 100 gramas.

Alemanha Encantada: Esse lugar é um complexo com restaurante + loja + torre de Observação – chamada Torre da Princesa. Localizado em frente ao Lago Negro, o espaço tipicamente alemão, tem entrada gratuita tanto para o restaurante quanto para a loja e cobra R$8 para subir na Torre, que leva esse nome devido à Rapunzel que fica lá em cima recepcionando os turistas. Não subi na torre, mas parei no restaurante para provar o famoso Apfelstrudel, que estava bom, mas não maravilhoso. Ouvi dizer que o melhor da região é o do Castelinho, que fica em Canela. Quanto à comida, não provei mais nada, mas todos os pratos germânicos estavam com uma cara ótima e a carta de cervejas também me pareceu bem interessante.

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La Maison de La Fondue: Como já sugere o nome, o carro chefe aqui é o Fondue. São diversas opções, das quais algumas nunca tinha ouvido falar (tipo, Fondue de peixe) e alguns acompanhamentos clássicos da culinária suíça. Estar na Serra no inverno e não experimentar um Fondue é quase um pecado, dadas a oferta de restaurantes desse tipo. Acabei escolhendo este porque era o mais próximo de onde eu estava passeando e tinha uma boa pontuação no Foursquare. O tradicional é pedir o rodízio, mas como estava com o horário apertado, pedi o Fondue de queijo e alguns acompanhamentos. Confesso que não foi o melhor Fondue que comi na vida – em São Paulo, o Hannover e o Chalezinho são melhores. O preço fica na casa de uns R$150 por pessoa para o rodízio e uns R$90 por Fondue individual a la carte.

Custo geral: $$$(moderado)