CASAMENTO EM LAS VEGAS

Um destination wedding bem fora do comum

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Yes, I do. Assim terminei minha primeira noite em Las Vegas, celebrando o amor de uma forma bem peculiar. Não subi ao altar, mas caminhei de braços dados com Elvis Presley, enquanto ele cantava hits como Love me Tender, em uma das noites mais frias do ano em Las Vegas. Sim, você leu direito: fazia aproximadamente 3 graus e na noite anterior havia nevado de um jeito não visto em Las Vegas há mais de 10 anos.

Não sou uma eterna romântica, confesso, e casar da maneira tradicional, sempre passou longe das minhas ideias. Alias, wanderlust como sou, sempre estive mais interessada na lua de mel, do que na festa em si.

Baixa temporada, passagens baratas e uma semana de férias, o que eu fiz? Fui casar em Las Vegas!

Como funciona

A parte mais complicada de todo o processo você já deve ter: o/a noivo/a. Daqui para frente é só aproveitar!

Existem várias razões que levam alguém a fazer uma cerimônia em Vegas – Além do casamento, tem a cerimônia de compromisso, a renovação de votos ou o elopement wedding.

Falando do casamento em si, esse pode se tratar de uma cerimônia simbólica (só pela diversão), ou legal; e pode ser realizada em diversas línguas, incluindo português.

Onde

Capela em Las Vegas não é um problema, elas estão por todas as partes. As mais famosas são: Little Church of the West, Chapel of the Bells, Chapel of the Flowers, Viva Las Vegas Chapel e Bellagio Chapel.

capela bonita

Me casei na Graceland, com o Elvis, mas também fiquei tentada a casar na Kiss Love and Loud, a capela do Kiss, dentro do Hotel Rio.

Pacotes

Todas as capelas trabalham com pacotes prontos, que incluem o cerimonialista, o aluguel da capela por uns 30 minutos, algumas fotos e às vezes o buquê. Dá para adicionar itens como bolo, trajeto de limusine e live streaming.

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Pode beijar a noiva!

No meu caso, escolhi o pacote Loving You, da cerimônia do Elvis, na Graceland Chapel, que incluía:

– Buquê e flor de lapela;

– 3 músicas do Elvis;

– Elvis entrando comigo;

– 6 fotos;

– Certificado de casamento;

– Bolo;

– Translado de limusine.

A única coisa chata, é que dentro da capela só são permitidas as fotos do fotógrafo oficial.

Tempo de preparação

É Las Vegas, e MUITA gente se casa de última hora. Eu organizei tudo em 3 dias, mas se você está vindo de fora dos Estados Unidos, já sabe a data da viagem e não quer arriscar, quanto antes melhor. Considere além das burocracias legais, a duração da viagem, o número de convidados e se haverá uma recepção antes/depois da cerimônia na capela e a contratação de serviços como cabelereiro e maquiagem. Entre 1 e 3 meses é o ideal para fazer tudo com bastante calma.

Licença

Caso opte pela cerimônia legal, é importante lembrar que antes de tudo, deve ser providenciada a licença de casamento. Sem pânico! Casar nos cartórios americanos é bem mais simples se comparado às burocracias brasileiras!

Como cada estado é independente e possui leis próprias, para o estado de Las Vegas, o procedimento acaba sendo ainda mais simples do que no resto do país.

– Para querer a licença, comece o processo online, clicando aqui e preenchendo a pré-requisição. Esse processo evita que você pegue uma fila de espera adicional no cartório.

– Dentro de um período de 60 dias após preencher a pré-requisição, ambos os noivos devem ir ao cartório com documentos com fotos (no caso de estrangeiros, o passaporte) e pagar uma taxa de US$77 (valor para 2019) e pronto. Uma vez emitida, a licença tem validade de um ano.

– Leve sua licença para a capela escolhida e case-se!

Importante: Para o estado de Nevada, é importante que não haja consanguinidade entre os noivos, ambos devem ser solteiros, e serem maiores de 18 anos.

Importante 2: Para a execução da cerimônia na capela, os noivos devem levar uma testemunha. Caso não tenha uma, as capelas costumam ter um serviço que, mediante o pagamento de uma pequena taxa, eles oferecem uma testemunha.

Validação no Brasil

O que acontece em Vegas, não necessariamente fica em Vegas. Além de ser um ato legal reconhecido em todo o EUA, os indivíduos casados carregam o título também no Brasil. Para que o registro seja validado, é necessário o comparecimento em cartório brasileiro com a documentação adequada em até 180 dias após a volta de ao Brasil.

Elopement Wedding, o que é isso?

Quem já se casou (ou planeja), sabe a encrenca que é fazer lista de convidados e correr o risco de esquecer alguém ou criar uma bela inimizade. Uma alternativa para quem quer manter um clima mais intimista, é o Elopement wedding, ou casamento a dois.

Muito menos popular no Brasil do que no resto do mundo, trata-se de uma cerimônia mais intimista, onde os votos são trocados entre os noivos sem nenhuma plateia. Além de reduzir os custos, você faz uma cerimônia para quem realmente importa: você e o seu noivo/a.

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Não sei vocês, mas ansiosa que sou eu, achei ótimo fazer tudo de última hora, tendo menos tempo de ficar neurótica.

Se você está planejando uma cerimônia maior, com mais convidados e etc, existe a opção de contratar uma assessoria de casamento – eu preferi não – ou até se aproveitar de algum pacote que já inclua a assessoria.

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Tudo pronto, vamos casar?

Quanto aos detalhes que enlouquecem qualquer noiva (vestido, cabelo, maquiagem), eu preferi pegar levar e não me estressar tanto: comprei toda a vestimenta (tanto minha quanto do noivo) aqui na Flórida e fiz o cabelo/maquiagem no salão do hotel – que marquei quando fiz o check-in. Novamente, quase zero de planejamento. Era para ser divertido, e não estressante. E assim foi.

Melhor época

Vegas é lotada o ano todo, mas é durante os finais de semana, feriados e verão que acontece a alta temporada. Uma dica para economizar e evitar grandes aglomerações, é planejar a cerimônia entre janeiro e março.

Tá, mas quanto custa?

Muito menos do que um casamento convencional! Quando começamos a cogitar a ideia de nos casarmos, pensamos originalmente em fazer uma festa tradicional aqui pelas bandas da Flórida, onde moramos. Óbvio que, além dos valores serem ridiculamente altos, a logística ficaria complicada, já que boa parte da minha família e amigos estão no Brasil.

Para fazer uma festa OK para 50 pessoas no Brasil (lembrando, novamente, um modelo mais tradicional), gastaríamos entre 50 e 100 mil reais. Ou seja, NÃO hahaha.

Em geral, os valores dos casamentos nas capelas oscilam entre US$200 e US$1000. Neste intervalo, tem todos os tipos de cerimônias, desde as mais simples e “tradicionais”, até as mais malucas, como se casar dentro de um helicóptero, sobrevoando a Strip.

Em Vegas, além do baixo custo, você ainda tem a praticidade de comprar um pacote e não precisar se preocupar com mais nada.

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TRADIÇÕES NATALINAS NOS ESTADOS UNIDOS

O que esperar das tradições do clássico natal norte-americano

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Thanksgiving, devendando o feriado americano

Natal ecônomico em Nova York

Mais um natal que chegou, passou e rendeu! Uma das tristezas de morar fora, é não estar tão perto da família e amigos nessa época de fim de ano. Mas tenho que ser sincera e dizer que, enquanto amo revéillon no Brasil, acho que prefiro o natal daqui.

As tradições são super levadas à sério, e mesmo na Flórida (que muitas vezes nem parece EUA, rs), nessa época do ano é tudo tão mágico ❤

Aqui vão as 10 tradições mais presentes nas casas da maioria dos norte-americanos.

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Gingerbread house

No ano passado, construí minha primeira casa de biscoito de gengibre. Não recomendo para pessoas ansiosas/inquietas! O processo em si leva um tempão e faz uma meleca, que acho que faria mais sentido se eu tivesse uns 5 anos haha. A parte mais legal de toda a “construção” com certeza é sentar com toda a família ajudando e no fim, claro, comer tudo.

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Christmas Carols

Ao pé da letra “cantigas de natal”, são as músicas natalinas. Para cada uma delas, deve existir umas 800 versões e elas tocam por TODAS as partes. Sabe quando você vai pro shopping e está tocando “Então é natal”, da Simone? É mais ou menos isso, mas em absolutamente todos os lugares. Neste ano, fiz um passeio de barco turístico com a minha família em Tampa, e advinha? Teve até Christmas Carol Sing alone – resumindo: todos tivemos que cantar com a “banda” enquanto íamos rio abaixo, rs.

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Decoração de natal

Como não amar cidades super iluminadas? É lindo demais! Até comentei que durante a minha viagem à Nova York fiquei realmente impressionada, em especial com as lojas que gastam uma micro-fortuna. As casas não ficam atrás, tem MUITA casa que contrata empresas especializadas em decoração natalina para transformar a casa numa obra de arte.

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Rudolph

Dentre os animais natalinos, o que provavelmente mais se destaca é a rena. Ela é a responsável por puxar o trenó do bom velhinho e Rudolph, um personagem que é  conhecido por ser a “rena de nariz vermelho”, característica que por sempre tê-lo diferenciado das outras renas, se provou util ao precisar liderar as outras renas na missão-trenó, durante as noites de neblina.

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Filmes natalinos

Assim como as canções de natal, eles passam em todos os lugares e, em dezembro, sempre tem algum filme com a temática Natal estreiando no cinema. E sim, esqueceram de mim também é popular por aqui!

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Stocking + Stocking Stuffer

A história das stockings, aquelas meias que vemos embaixo da chaminé, é bem contraditória. Talvez a versão mais aceita date do século 19, é que as meias foram “recheadas” por São Nicolau, como caridade a uma família necessitada. Desde então, pendurar as tais meias é sinônimos de que, em algum momento, até a manhã do natal, elas serão recheadas com presentes, os stocking stuffers. Para esses, em quase qualquer loja de departamento/farmácia/mercado em dezembro tem uma sessão destinada a esses presentinhos, que normalmente não podem ser muito grandes (ou não caberão na meia) e se enquadram mais na categoria de “lembrancinhas” do que de presentes.

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Jantar

A primeira grande diferença com relação ao jantar de natal é que ele acontece na noite de natal. Uau, que surpresa rs! Parece óbvio, mas a maioria de nós brasileiros comemoramos na noite do dia 24, e não na noite do dia 25. Outro detalhe, é que em relação ao horário, assim como no Thanksgiving, o jantar é mais um almojanta (por volta das 17h) do que de um jantar propriamente dito. Por último, o detalhe mais importante, a comida: Presunto, Peru e cramberries são elementos que sempre aparecem. De sobremesa, nada muito importante como o nosso pavê. Normalmente, são servidas bolachinhas de gengibre.

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Presentes

Uma coisa que me deixou bem chocada no meu primeiro natal aqui é a quantidade de presentes. Enquanto nós brasileiros estamos acostumados a ganhar um presente de cada membro da família (quando muito, rs), nos EUA cada membro da família tende a dar váááários presentes, mas claro, com valores menores, geralmente vindo da Stocking. O recorde, é claro, é entre as crianças: já vi criança recebendo cerca de 20 presentes dos avós! Eles são abertos na manhã do dia 25, e nem preciso dizer que esse é um dos momentos mais esperados por todo mundo né?

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White Christmas

Enquanto no Brasil estamos acostumados com o calor do verão, na América do norte, é inverno. White Christmas significa Natal Branco e é o que a maioria dos americanos esperam para a noite do natal: muita neve.

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Suéteres

Os suéteres natalinos, ou como chamam por aqui, Ugly Sweater (suéter feio), estão por todas as partes desde novembro. Algumas famílias “competem” para ver quem tem o suéter mais feio, enquanto em outras, é comum ver membros da família com suéteres combinando.

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Secret Santa

Equivalente ao nosso amigo secreto, mas bem menos popular. Vejo mais Secret Santa acontecendo entre colegas de trabalho do que entre família propriamente dita – como acontece na minha por exemplo, no Brasil.

 

Para ler mais sobre tradições Norte-Americanas, clique aqui.

 

THANKSGIVING: DESVENDANDO O FERIADO AMERICANO

 

O que significa para a história – e para os americanos – esse feriado tão aguardado.

Leia também:

Natal nos Estados Unidos

Feriado nacional e dia para se agradecer o ano que passou, o Thanksgiving (ou Dia de Ação de Graças), surgiu informalmente no século 17, ainda na América Colônia, como parte do agradecimento à boa colheita que os peregrinos tiveram graças à ajuda dos índios nativos.

A celebração, não religiosa, se manteve por toda a América até que em 1863 o presidente Abraham Lincoln resolveu unificá-la e proclamar o Thanksgiving nos Estados Unidos.

Turkey Pardoning

Alguns dias antes do ThanksGiving é costume o presidente fazer o ritual de Turkey Pardoning que nada mais é do que “soltar” um peru, ao invés de usá-lo em preparações culinárias.  O ritual se iniciou após ter se tornado público o ato de Lincoln, presidente em 1863, ter recusado comer o peru que lhe foi ofertado*.

Data do começo do século 19 o costume de se presentear o presidente com um peru para o Thanksgiving.*

LEIA TAMBÉM: Presidente Donald Trump e o Turkey Pardoning 2017

Tradições

Tipicamente americano, o feriado mais importante do ano, superando até o natal,  é uma época do ano que realmente para os Estados Unidos. Cai sempre na quarta quinta-feira do mês e provavelmente é o único feriado que, de fato, a maioria das pessoas emenda – algo que estamos acostumados no Brasil, mas que é raríssimo por aqui. A maioria das famílias tiram a semana para organizar o jantar, viajar para casa dos parentes e sair às compras na Black Friday (leia mais abaixo).

Como parte da tradição, é servido um jantar tradicional que na verdade é mais um almoço tardio (aqui em casa, por exemplo, começamos às 3 da tarde).  90% das casas americanas comem peru e alguns tradicionais acompanhamentos (stuffing, purê de batata, batata doce, molho de cramberry e torta de abóbora).

Antes disso, ainda cedo pela manhã, enquanto se prepara a refeição, é comum assistir às famosas parades, desfiles com shows que acontecem pelo país, sendo o mais tradicional deles o de NYC.

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Desfile em New York

É depois do ThanksGiving também que começa a preparação para o natal, até então nula, outra coisa muito diferente para nós, que em outubro já temos casas e lojas decoradas.

Cardápio

O cardápio varia de acordo com a família, mas alguns itens são super tradicionais e preparamos por aqui*

  • Peru: item clássico e símbolo do feriado
  • Stuffing: recheio do peru que pode ser servido dentro ou fora do mesmo (como acompanhamento)
  • Sweet Potato Casserole: Batata doce que pode ser preparada de diversas formas (com nozes, refogada, em purê).
  • Purê de batata
  • Gravy: uma espécie de molho madeira que acompanha o peru
  • Molho de cramberry: molho bem doce para colocar por cima de tudo

As sobremesas costumam variar mais. Tivemos:

* Clique nos pratos para visualizar as receitas.

Black Friday

Seguinte ao Thanksgiving, o Black Friday é a sexta-feira mais esperada do ano. A maioria das lojas fazem liquidações surreais, com descontos que normalmente começam em 50% e levam os americanos à loucura.

Atualmente, algumas lojas se antecipam e já abrem às 6 da tarde da quinta-feira. A primeira coisa que a maioria das famílias fazem ao terminar o jantar, é pegar o carro e ir para a porta das lojas. Para as lojas que abrem apenas na sexta, o horário de abertura costuma ser às 6 da manhã, ou seja, para conseguir bons produtos é necessário madrugar!

Para acompanhar as ofertas, pode-se acompanhar o site Black Friday.com ou os panfletos divulgados/cupons divulgados nos jornais às vésperas.

 

Na segunda seguinte, acontece o Cyber Monday, com descontos online.

Lojas 

Acho que vale mais a pena visitar lojas de departamento, afinal dá para comprar tanto itens pessoais quanto eletrônicos e objetos mais caros, que na minha opinião são os que compensam mais.

É importante lembrar que como aqui o Black Friday é levado bem à sério, filas homéricas e gente se estapeando não são incomuns. Particularmente, penso que não compensa tanto sofrimento se não for para adquirir alguma coisa que você quer muito e que, nos modos convencionais, é pouco viável que consiga comprar.

Entre a noite de quinta e a sexta-feira, me dividi entre as seguintes lojas:

  • Walmart: Temos no Brasil, mas as opções aqui nem se comparam. Comprei uma câmera e cosméticos com o preço bem justo.
  • Bealls: Loja de departamento com foco em vestuário, mas tem coisas para casa também. Acho que foi meu melhor deal: uma torradeira, um mixer e uma blusa por US$16!
  • Best Buy: Paraíso dos eletrônicos, infelizmente cheguei tarde e todos os iPads já estavam esgotados.
  • Sephora: Normalmente os descontos aqui são moderados, mas ainda assim, dá para encontrar alguma coisa.
  • GNC: Loja de suplementos e vitaminas, tudo com 50% de desconto.
  • Walgreens: Farmácia preferida no mundo, mais parece um mercado.
  • Target: Um mercado que vende tudo, assim como o Walmart. Ótimo para comprar coisas para casa, cosméticos e até roupas.
  • Dollar Tree: Uma loja que vende de tudo, e melhor, tudo por US$1. No Black Friday, há itens por 79 centavos.

Como a maioria das lojas são próximas, não foi muito difícil visitar várias lojas ao mesmo tempo. As maiores fazem um mapa e distribuem na entrada, mostrando a localização exata da oferta. Por isso, é super importante ter uma listinha com o que comprar, economizando tempo, stress e dinheiro.

Para saber mais sobre os Estados Unidos, Clique aqui

MORANDO FORA

Com frequência escuto pessoas próximas dizendo que está cada dia mais difícil viver no Brasil por diversas razões, como segurança, desemprego e alto custo de vida.

Por outro lado, também é comum que muita gente, mesmo sem ter planos de ficar fora do Brasil por muito tempo, queira ter a experiência de conhecer e se integrar a uma nova cultura, seja para fazer um curso, aprender uma nova língua ou diversificar o currículo com uma expatriação.

Sempre amei viajar, e em 2012, resolvi juntar o útil ao agradável: viajei para Paris para um intercâmbio acadêmico e, paralelamente, melhorar o meu francês. Claro, estava empolgada e posso afirmar que foi uma das melhores experiências da minha vida.

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Primeiro dia em Paris (2012)

Quando conto essa história, todo mundo imagina a sorte que é acordar, olhando para a Torre Eiffel, sair por aí com uma baguete debaixo do braço, jantando pain au chocolat com champanhe. Clichês a parte, a vida não é bem essa – nem em Paris e em nenhum lugar do mundo.

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Juntando tudo isso, acho que é importante frisar que estar de saída, seja ela definitiva ou temporária, demanda alguns cuidados:

1) Objetivo

Acho que o primeiro passo do planejamento começa por entender o seu objetivo. A ideia é trabalhar, estudar, viajar? Por quanto tempo? Qual valor irá agregar ao seu futuro? Sozinho ou acompanhado?

2) Localização

Não importa para onde você esteja indo, sempre existirão coisas boas e coisas não tão boas assim. Pergunte a si próprio se o país que você planeja viajar atende bem as suas expectativas com relação à localização. Morar na Austrália pode não ser uma boa opção se você pensa em visitar a família com frequência no Brasil, fazer intercâmbio na Dinamarca pode ser complicado para quem não gosta de frio ou ir para os Estados Unidos pode ser bem frustante se você quer viajar para outros estados/países aos finais de semana.

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Uma das vantagens de morar na Europa: poder visitar vários lugares de trem, ônibus ou avião. Na foto, meu primeiro fim de semana fora de Paris, visitando o Castelo de Fontainebleau – na Île de France

3) Língua

Nem sempre é tão simples aprender uma nova língua e, ao mesmo tempo que pode ser um desafio, é essencial. Não são todos os lugares que todo mundo fala inglês como segunda língua, e a sensação de isolamento de não poder se comunicar é um grande motivo para tornar a sua mudança um fiasco.

4) Custo

Dinheiro não cresce em árvore e mesmo que você esteja indo trabalhar, é importante avaliar o custo de vida da região para não se surpreender no futuro. Ah, e sempre viaje com uma reserva de emergência – Alias, você deveria ter uma mesmo que não esteja planejando viajar tão cedo (clique aqui para saber mais).

Quer comparar o custo de vida entre as cidades? Clique aqui e conheça o Expatisan.

Além de mim, tanto a Gabi quanto a Mari, colaboradoras aqui do blog, já passaram/estão passando por experiências fora do Brasil.

“A primeira vez que morei fora foi por pouco tempo: 4 meses. Eu fui para o México fazer um intercâmbio profissional pela AIESEC. A experiência foi curta, mas bem intensa, principalmente por ser a primeira vez que vivia uma mudança desse tipo. As melhores lembranças que tenho são as amizades que fiz na cidade em que vivi (Aguascalientes): a hospitalidade do povo mexicano é realmente mágica. A maior dificuldade foi me adaptar à comida, que além de muito picante, era bem gordurosa e os horários das refeições são completamente diferentes do nosso (tudo bem mais tarde: café às 11h-12h, almoço às 16h, jantar depois das 21h).

A segunda experiência de morar fora estou vivendo agora, dessa vez na Espanha. O contexto é completamente diferente: vim pois meu marido ganhou uma bolsa de estudos no país, e, como ele tem nacionalidade espanhola, decidimos que era hora de executar esse plano que já tínhamos em mente. Faz um ano que estou na Espanha e o ponto mais difícil tem sido a integração. Como trabalhamos em casa, temos pouco convívio com as pessoas da cidade, fizemos poucos amigos por enquanto. Eu sinto falta de ter alguém para conversar e que entenda tudo o que digo, rs. A maior vantagem é a possibilidade de desfrutar de muitas coisas que não conseguíamos no Brasil, desde bons restaurantes, até produtos top de linha no supermercado, a facilidade de viajar para destinos encantadores ou mesmo de comprar artigos pessoais que antes eram inacessíveis.

As dicas práticas mais valiosas que posso dar para quem pretende morar fora são: 1) pesquise o funcionamento de tudo no país, conheça as principais leis e os comportamentos a evitar. Muitas vezes o que é permitido no Brasil pode ser proibido em outros lugares, e mesmo uma postura que parece simples no nosso país pode nos comprometer quando estamos em outro. Agora, a dica 2: traduza e legalize documentos que possam ser úteis ou necessários no país de destino, desde certidão de casamento, nascimento de filhos, se for o caso, certificados de estudos, comprovações de renda etc. Ter esses documentos no idioma local e reconhecidos legalmente ajuda a tocar a vida, você pode dar seguimento aos estudos, por exemplo, solicitar ou prolongar vistos de permanência e fazer muitos outros trâmites oficiais.”

(Gabriela Morandini – Colaboradora)

Saiba mais sobre a AIESEC clicando aqui

“Acho a expressão “morar fora” muito conveniente. De fato, é estar fora da sua zona de conforto, do seu espaço comum e das referências que construímos ao longo do tempo.

Pode ser complicado, mas também pode ser enriquecedor. Claro, estando sozinho nesta aventura, tudo triplica de tamanho, mas acho, de verdade, que o resultado é ainda mais fortalecedor como experiência.

Nas minhas três situações, breves porém intensas, diria que há em comum três etapas: desconforto, adaptação e comodidade. (Seria muito bom também atingir a fase “pertencimento”, mas passei a ter cada vez mais certeza de que esta sensação é exclusiva de nossa terra mãe).

Como adultos, o início exige concentração, observação e aprendizado. Entender alguns aspectos, como hábitos, cultura, rotina, linguagem (dominando, ou não, o idioma local, estrangeiros soam como estrangeiros) e preços (afinal, dinheiro não nasce em árvore!) demandam tempo e dedicação, mas quando mais absorvidos, fazem a confiança crescer. Na minha opinião, quando se está longe de tudo, este é um dos sentimentos mais agradáveis de se adquirir.

O momento seguinte representa consolidar seu espaço na sua nova comunidade e retomar hábitos comuns, do dia a dia, que parecem simples e banais, mas fundamentais para o bem-estar (e, sinceramente, só notei quanto viver o “básico” é bom ao conseguir realizar estas simples tarefas). Fazer compras, usar o transporte público, cumprimentar vizinhos, se exercitar na praça e pedir comida por telefone são apenas alguns exemplos de atividades que me fortalecem diante da aventura de estar sozinha em lugar “não tão mais” estranho.

O final, e aí varia um pouco de quanto tempo você permanece neste lugar, é se sentir à vontade. “Cômodo” para mim é não ter mais tantos receios, reconhecer caminhos apenas olhando o nome de ruas ou pontos de referência e de algum modo, encontrar seu próprio ritmo em meio a tantas novidades e se sentir bem com aquilo que você construiu, sem fazer comparações com aquilo que você tinha antes.

Por mais sofrido que tudo até possa recer (não quero desanimar ninguém, é sempre muito bom, acreditem!), a experiência sempre parece chegar ao fim quando você, finalmente, se sente em “casa”.

E sei lá, talvez seja para ser assim. Você volta para a outra “casa”, percebe o quanto sentiu saudade… mas daí a saudade passa e você abre a internet e começa a planejar tudo de novo e o “novo” nunca soou tão gostoso.”

(Mariana Dualibi – Colaboradora)

Malas prontas? Convencido que essa será uma das melhores experiências da sua vida? 🙂