[Family Trip] VIAJANDO COM A FAMÍLIA

Na maioria das vezes, costumo viajar sozinha ou com mais uma pessoa, mas no começo desse ano, recebi uma missão: planejar uma viagem de 20 dias pela América do Sul para minha família americana, que além de não falar uma palavra de português / espanhol, faria a primeira viagem para o hemisfério sul.

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Devo confessar que na empolgação (afinal também viajaria junto), subestimei o desafio e verdade seja dita: foi mais complicado do que pensava.

Nosso roteiro:

A viagem começaria na cidade do Rio de Janeiro, onde nos encontraríamos, seguiria para Búzios, Foz de Iguaçu, Buenos Aires e Colonia Del Sacramento.

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Cogitamos incluir o Chile, mas ficaria inviável para o curto tempo que teríamos disponivel.

Duração:

20 dias – Incluindo o tempo em trânsito.

O grupo:

6 pessoas, misto.

O que levar em conta:

  1. Viajar em grupo sempre é mais complicado do que sozinho. É importante conhecer bem as preferências de cada um.
  2. Muitas vezes, organizar uma viagem assim significa abrir mão dos próprios gostos. Eu por exemplo, fujo de lugares muito turísticos, mas não poderia não levar estrangeiros ao Cristo Redentor estando no Rio de Janeiro.
  3. É importante confirmar e reconfirmar todos os passeios, voos e hotéis, já que imprevistos podem acontecer.
  4. A homogeneidade do grupo: no nosso caso, por exemplo, temos duas idosas, impossibilitando programas noturnos muito longos ou negligenciand as pausas durante o dia.
  5. Faça um roteiro que envolva todos (crianças, adultos e idosos).
  6. Comida é um negócio sério: cheque todas as restrições alimentares.
  7. Por fim: tente se divertir. Parece óbvio, mas quando se está a frente do planejamento de uma viagem, o estresse é tanto que às vezes parece ser impossível aproveitar também.

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No momento, a viagem está em andamento e, obviamente, renderá bons posts.

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FRANCIS MALLMANN E O URUGUAI

Francis Malmamn é um chef argentino, que ainda pequeno se mudou de Buenos Aires para Patagônia e se especializou em culinária argentina da região, se apropriando de técnicas próprias de cozimento através do fogo.

Apesar de hoje ter restaurantes espalhados pela Argentina, Uruguay e até na Florida, eu assim como muita gente, só fui conhecê-lo depois do Netflix.

 

E é aí que começa a minha aventura.

Depois de devorar a primeira temporada de Chef’s Table, encantada pela fotografia e pelas técnicas empregadas pelo chef, ignorei meu vegetarianismo, e de curiosidade aguçada, comprei uma passagem para o Uruguai. O destino? Garzón, uma cidadezinha no meio do nada.

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Como chegar

Garzón fica exatamente no meio do nada. Saindo de Punta del Este, o melhor caminho é pela ruta 9. Digo o melhor caminho, porque quando fui, me perdi diversas vezes, tanto na ida quanto na volta. Boa parte da estrada é de terra e não há nenhuma sinalização.

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Assim que avistar a entrada da cidade (acima), vire à direita caso queira ir para o Garzon. Se quiser visitar umas das Bodegas da região, vire à esquerda.

Spotify: Escute a nossa playlist exclusiva para embalar a sua viagem!

A cidade

A cidade é completamente… fantasma. Chegando lá, avistei umas quatro ruas, ninguém nas ruas, o restaurante e nada mais. A fama do vilarejo veio na última década com a abertura da Bodega e a fama de Francis e abertura de seu restaurante.

O restaurante

O restaurante, à la carte, funciona da seguinte forma: você escolher os pratos do menu e ter uma refeição por lá ou passar a noite e por uma tarifa de US$400 (pessoa) você tem direito a um quarto, café da manhã, almoço, chá da tarde e jantar (com itens do menu), além de bebidas a vontade.

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Bar na área externa

Parece interessante no começo, mas uma coisa que me frustou um pouco é que os menus não mudam. Ou seja, o café da manhã e o chá da tarde são os mesmos, assim como o do almoço e do jantar.

A comida, claro vale a pena e apesar de ser um restaurante especializado em carnes, no meio do Uruguay, consegui boas opções vegetarianas.

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Para quem estiver interessado, além do Garzon, Francis também comanda os restaurantes: Patagonia Sur  em Buenos Aires, Francis Mallmann 1884 e o Siete Fuegos, ambos em Mendoza.

O hotel

O restaurante também abriga um pequeno hotel. Certeza que Francis teve essa ideia devido à necessidade das pessoas que iam jantar por lá e não conseguiam sair depois de uns vinhos e do escuro/lama das estradas.

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O hotel funciona nos fundos do restaurante

E confesso que a ideia é muito comoda, uma vez que você paga um valor fixo por quatro refeições – almoço, lanche da tarde, jantar e café da manhã – e você come até morrer, tira um cochilo e já está por ali para comer de novo.

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O quarto é super confortável, mas não aquecimento suficiente e olhe, essa região é super fria em grande parte do ano. Fui em março e quase congelei de madrugada, apesar de terem nos provido muitas mantas.

Dica: Para reservar, o site diz que você deve enviar um email. Eu mandei quatro e nunca me responderam e advinha? Cheguei lá e não estava em nenhuma lista, nem do hotel e nem do restaurante, mas nos colocaram sem problemas – não estava nem um pouco cheio, apesar de ser um feriado. Logo, se você quiser muito ir, mas nunca responderem seus emails, sugiro que você vá assim mesmo e tente a sorte.

Recomendo?

Sim, se você estiver hospedado na região e tiver um tempo livre. Não sei se recomendaria dormir por lá, a menos que você se empolgue nos vinhos. E mais imperdível que o Garzon se você estiver em Jose Ignacio é o Parador La Huella, falei sobre aqui. Esse sim vale MUITO a pena!

Custo: $$$ (caro)

PUNTA PARA INICIANTES

Já estive em Punta várias vezes, mas resolvi reunir aqui o essencial para você que está de passagem pelo Uruguai e talvez, não tenha muito tempo.

Punta fica na região de Maldonado, no Uruguay, país que fica aqui do ladinho da gente, e que tem pouco mais de 3 milhões de pessoas. SIM. Difícil ser parâmetro para uma nação gigante como o Brasil.

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Ao falar do Uruguay, resolvi não começar falando da capital, Montevideo, porque apesar da proximidade com o Brasil, ainda é um lugar que os brasileiros ficam relutantes em conhecer. Já ouvi muito “não tem nada pra fazer no Uruguay”, “Montevideo é para aposentados” e por aí vai. Claro, essas afirmações não são em vão. A população (assim como no resto do mundo) está envelhecendo e os jovens, vendo poucas oportunidades no pequeno país, acabam migrando para os países vizinhos. Em um outro post posso comentar da minha experiência na capital, mas vamos voltar ao foco.

Como muita gente ainda enxerga Punta como capital do entretenimento e luxo na América do Sul, vamos falar um pouco mais dessa cidade, que é muito mais do que mostra o programa do Amaury Jr.

Como chegar

Avião: O modo mais fácil é chegar via avião pelo aeroporto local, que fica na região de Maldonado,  há uns 20km do centro de Punta. Existem voos diários e diretos saindo do Brasil pela LATAM e pela Azul.
Carro: Uma opção mais em conta, é descer em Montevideo e dirigir ou pegar um ônibus até punta. Se você optar por alugar um carro e tiver mais tempo, separe um tempo para algumas paradas estratégicas no caminho como a Piriápolis e Punta Ballena
Barco: Você também pode optar pelo Buquebus. Saindo de Buenos Aires (com “conexão” em Colonia ou Montevideo) dura por volta de 5h, ou de Montevideo direto. É uma viagem supertranquila, você pode levar seu carro, tem lanchonete, bar e free shop.

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Clima

Bem típico uruguayo: calor suportável entre dezembro e março (entre 28 e 35 graus Celsius) e frio no resto do ano, atingindo o pico entre junho e julho (que pode chegar bem próximo a zero). E, independentemente da época, venta muito o ano inteiro.

Língua

Espanhol, com algumas variantes do espanhol falado na América Platina (Área que cobre Paraguay, Uruguay e Argentina).

O povo

Super amigável e receptivo, é com certeza um dos pontos altos da viagem. Você tem a sensação de estar numa vila, mesmo estando na capital. Em punta, tem mais um plus: por ser uma cidade que vive essencialmente no verão e de turismo, o atendimento em todos os estabelecimentos é muito bom também.

Transporte

A minha sugestão, caso você queira passar mais do que uma noite, é alugar um carro. Existem poucos táxis na região e o transporte público é bem escasso também. Se você se hospedar no centro, é possível fazer praticamente tudo a pé, mas o entorno da região também é lindo e é um desperdício pular algumas praias mais afastadas.

Onde ficar

Dessa vez, diferentemente das outras, resolvi ficar em hotel. Escolhi o 20 Hotel pela localização e preço. Fica entre as ruas 27 e 20 (daí que vem o nome) e é relativamente novo. No Tripadvisor vi pouquíssimas resenhas e resolvi me arriscar pelo que o próprio site do hotel mostrava. Não me arrependi. Os quartos apesar de pequenos são bem espaçosos e claros e o serviço do hotel é ótimo. O café da manhã é bem simples, típico uruguayo (cheio de medialunas que amo tanto <3) e farto. Ah, um detalhe importante: tem estacionamento gratuito.

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20 Hotel – Foto: divulgação

Outra hospedagem em Punta, que já usei diversas vezes, é Airbnb – normalmente sai mais em conta e tem muita opção disponível.

Quer sossego? Corre pra Jose Ignacio! Uma das minhas regiões favoritas no litoral uruguayo, a área é famosa por abrir casas de famosos que querem fugir da agitação de Punta. As opções de hotéis em Jose Ignacio são super limitadas, então se joga no Airbnb!

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A 30km de Punta, Jose Ignacio é só amor

Tá rico e quer conforto? Duas opções ótimas: O famoso Conrad, que fica à beira-mar, bem no meio do fervo e o Fasano Las Piedras, que fica mais afastado, para quem quer uma experiência de luxo e natureza, ao mesmo tempo.

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Conrad Hotel & Casino

O que comer 

Da culinária uruguaya, alguns itens não podem ficar de fora. São eles:

Chivito: O prato mais tradicional, na verdade é um sanduíche gigante que tem tudo dentro. O mais próximo que temos disso é o famoso x-tudo brasileiro. Existe em diversas versões (até vegetariana).

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Chivito, o X-tudo uruguayo

Medialuna: Croissant com uma caldinha de açucar (NHAMI)
Buñuelos: São bolinhos fritos, bem parecidos com os nossos bolinhos de chuva, mas por lá eles também existem em versões salgadas.
Alfajores e Dulce de leche: Famosos em toda a região platina, parece óbvio, mas não é. Não deixe de provar todas as variações possíveis. Meus favoritos? O Alfajor caseiro de Maicena e Vauquitas, um docinho de doce de leite argentino, mas fácil de ser encontrado no Uruguay.
Heladeria Freddo: Temos aqui no Brasil também, mas se estiver no verão em Punta, não deixe essa chance passar! Em quase todas as esquinas tem um Freddo!

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Curiosidade: Apesar da culinária uruguaya ser bastante popular pela sua carne, o Uruguay, muito diferentemente da Argentina, tem opções vegetarianas de quase todos os pratos em quase todos os lugares mais turísticos.

Os restaurantes

Na lista dos 50 melhores restaurantes da América Latina da revista Restaurant, o Uruguay tem dois no ranking, ambos na região de Maldonado: um em Punta e outro em Jose Ignacio. Em Punta, o La Bourgogne ocupa a posição 46 da lista com culinária tipicamente francesa e em Jose Ignacio, o classificado em 23, é o Parador La Huella. Nesta minha última visita, tive a chance de dar um pulo em Jose Ignacio para um late lunch e foi uma experiência bem inesquecível.  

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Restaurante pé na areia em Punta del Este

As opções? Além de carne, obviamente, vegetais e gaspacho de entrada e drinks!

Outra opção também fora da cidade, é a paradinha estratégica na Casapueblo, que fica em Punta Ballenas. O hotel-museu tem um restaurante delicioso que vale um almoço, o Las Terrazas.

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Casapueblo

No meu caso, foi mais uma pitstop para um lanchinho no caminho para Punta.

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Lanchinho à beira-mar

Quanto custa

Para os padrões sul-americanos, Punta está um pouco acima da média nos quesitos hospedagem, alimentação, etc. Ainda assim, por estar muito próxima ao Brasil e ter voos relativamente baratos, não é uma viagem impossível de fazer. Sempre há opções mais em conta, principalmente com relação à hospedagem. Uma dica, se você gosta mais de sossego é se hospedar em Jose Ignacio (que também é mais barata) ou ainda em Montevideo (e fazer um bate-volta até o litoral).

Custo:  $$$(moderado)